Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos
absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma...
Peregrino é alguém que viaja, que anda por terras distantes.
Forasteiro é alguém que é estranho à terra onde se
encontra, que é de fora.
Sendo assim, por que será que Keyfa [Pedro], o emissário [o
apóstolo], chama os discípulos do Senhor Yeshua [Jesus] de peregrinos e
forasteiros?
Não creio que ele tenha usado esses termos apenas pelo fato
de os destinatários de sua carta serem “forasteiros da Dispersão no Ponto,
Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia”, conforme consta no 1º versículo da carta, mas
sim com um objetivo bem mais elevado, que é ressaltar a nossa relação com
este mundo.
Mas não o mundo no sentido de natureza, de criação do
Eterno. A palavra traduzida do grego para o português como mundo em nossas
Bíblias é Kosmos, que significa uma organização harmoniosa, uma ordem,
governo.
Ou seja, a mente por trás do sistema.
O mundo que jaz no maligno, conforme ele é chamado na
primeira carta de Yochanan [João], no capítulo 5, versículo19.
Sendo assim, quando os discípulos, ou seja, nós, nos
tornamos peregrinos e forasteiros?
Quando cremos no Senhor Yeshua [Jesus].
Nesse momento nós passamos pela Porta estreita e saímos do
aprisco deste mundo, conforme o ensino que o Senhor nos deixou em Yochanan
[João] 10:
Do versículo 1 ao 4 temos o seguinte:
1Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra
pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e
salteador.
2Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o
pastor das ovelhas.
3Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua
voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora.
4Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz;
Já no versículo 7 podemos ler:
7Yeshua [Jesus], pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
E no versículo 9:
9Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.
Ou seja:
...entrará [por mim], e sairá [do mundo, do aprisco], e achará pastagem [será livre].
E, uma vez tendo passado pelo Porta estreita, começamos
nossa jornada seguindo pelo Caminho apertado.
Creio que Keyfa [Pedro] tinha em mente essa Verdade quando escolheu
esses termos – peregrinos e forasteiros – e creio que essa escolha também foi
influenciada pela cruz de nosso Senhor, pois é na Sua cruz que de fato passamos
pela Porta estreita.
Como bem ensinou Shaul [Paulo], o emissário [apóstolo], em
Romanos 6, e Keyfa [Pedro] também conhecia essa instrução de que todos os que creem no
Messias Yeshua [Cristo Jesus] foram unidos a Ele em Sua morte no madeiro; o
nosso velho homem foi crucificado com Ele.
Vamos ler os versículos de 3 a 6 de Romanos 6:
3Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos
batizados no Messias Yeshua [em Cristo Jesus] fomos batizados na sua morte?
4Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como o
Messias [Cristo] foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também andemos nós em novidade de vida.
5Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da
sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6sabendo isto: que foi crucificado com ele o
nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não
sirvamos o pecado como escravos;
Ou seja, nosso Senhor não só levou com Ele os nossos pecados, mas nós também, pois fomos unidos a Ele nesse momento.
Essa é uma realidade espiritual.
O que aconteceu com Ele fisicamente, aconteceu [passado]
conosco espiritualmente.
Aconteceu [foi
crucificado com ele]. O verbo está no passado.
Assim, Ele deixou o mundo por meio de Sua morte e, por meio
de Sua ressurreição, retornou ao reino do Pai.
E nós? Romanos 6.5,8:
5Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da
sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua
ressurreição,
8Ora, se já morremos com Cristo, cremos que
também com ele viveremos,
Sendo assim, da mesma forma que Ele saiu do mundo nós também saímos.
Na cruz nós morremos com Ele para o
mundo.
Não temos mais vínculo com este mundo e seu governante.
Nossa condição aqui é apenas passageira.
Somos apenas peregrinos e forasteiros neste
mundo.
Estamos de passagem e temos um destino.
E qual é esse destino?
Para respondermos a esta pergunta temos que recorrer a mais
uma instrução deixada para nós pelo Senhor Yeshua [Jesus] e que está escrita
nas Boas Novas [no Evangelho] de Yochanan [João], no capítulo 14, versículos de
1 a 3:
1Não se turbe o vosso coração; credes em Elohiym [Deus],
crede também em mim.
2Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não
fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.
3E, quando eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós também.
Então, qual o destino de nossa peregrinação:
A CASA DO
PAI.
Nosso Senhor deixou este mundo e retornou para o Pai, e nós
estamos unidos a Ele.
Sabendo disso, não devemos nos envolver com as coisas deste
mundo, pois temos um lugar de destino aonde queremos chegar.
Ter essa consciência, essa visão, é fundamental para o
sucesso de nossa peregrinação, pois peregrino é aquele que está viajando para
chegar em algum lugar distante.
Mas, se já nos sentimos em casa aqui neste mundo, então não
somos nem peregrinos, nem forasteiros, mas residentes.
Que o Eterno nos livre dessa última condição.
Quero encerrar este pequeno estudo citando algumas palavras
do livro Crescendo no Espírito, de David Martyn Lloyd-Jones, da Editora PES:
Você já se imaginou e já pensou em si mesmo na glória? Já
pensou no que será contemplar o rosto bendito de Cristo e vê-lO como Ele é?...
Diga a si próprio que você é tão-somente um estrangeiro neste mundo, um
peregrino, um viajor. Diga a si próprio: “O céu é o meu lar, sou um cidadão do
céu, é dali que sou. Dia após dia e noite após noite levo e monto a minha tenda
móvel um dia mais perto do lar”.
Vivamos, então, amados, desta forma.
Que o Eterno a todos abençoe e guarde, no Messias [em
Cristo].
Com amor,
YF