sábado, 27 de setembro de 2014

CRESCENDO

Existem algumas passagens nas Escrituras que deveriam nos encher de expectativas diante daquilo que elas prometem realizar. Uma delas é Kefa Beit/2 Pedro 1.8:

Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Yeshua, o Messias [Jesus, o Cristo].

Como talmidim [discípulos] do Senhor Yeshua, o Messias, nosso maior anseio nesta vida é viver de forma agradável a Ele, produzindo frutos que glorifiquem o Seu Nome, não é mesmo? E aqui Kefa [Pedro] está ensinando o “caminho das pedras” para alcançarmos este objetivo.

Tudo começa nos versículos anteriores, onde Kefa nos orienta a não nos contentarmos apenas com o fato de termos fé, mas que devemos suprir a nossa fé com algumas coisas que, existindo em nós e em nós aumentando, impedirá que sejamos inoperantes e improdutivos.

Antes dele listar essas coisas, essas qualidades, é importante ressaltarmos que ele deixa claro que o nosso crescimento só pode se dar por meio do conhecimento de nosso Elohim e de nosso Salvador Yeshua, o Messias. Crescemos na mesma proporção que conhecemos.

O versículo 2 de Kefa Beit/2 Pedro nos diz:

...graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Elohim e de Yeshua, nosso Senhor.

Entendemos, então, que a graça e a paz só podem abundar em nossa vida por meio de nosso conhecimento do Eterno.

Isso não é algo novo para nós, uma vez que o próprio Senhor Yeshua associou a vida eterna a este tipo de conhecimento.

E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua, o Messias, a quem enviaste.
(Yochanan/João 17.3)

No versículo 3 e 4 Kefa prossegue com a ideia.

3Visto como, pelo seu poder celestial, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, 4pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza celestial, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo...

Aqui também vemos que é por meio do conhecimento do Eterno que recebemos tudo o que necessitamos para a nossa peregrinação por esta terra.

Na versão em hebraico da segunda carta de Kefa a palavra traduzida por conhecimento é “daat”, que vem da raiz “yada”, que significa “saber por experiência, perceber e ver”. Ou seja, não é mero entendimento intelectual. Certa vez eu ouvi um rabino dizer que temos daat quando a “ficha cai”. É como se a verdade ficasse tão clara para nós que pudéssemos até mesmo dizer que a estamos vendo. É ter a experiência.

É após essa introdução que Kefa passa a expor as qualidades que temos que ter, além da fé.

...5por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; 6ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; 7à piedade a fraternidade; à fraternidade o amor.
(Kefa Beit/2 Pedro 1.5-7)

As qualidades listadas por Kefa são: virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor. Vejamos brevemente cada uma delas.


1. VIRTUDE

A virtude é a qualidade que deve suprir primeiramente a nossa fé.

Depois de “ralar” um pouco no grego, sem ter um bom resultado, recorri ao texto em hebraico e lá encontrei o que penso ser o real significado dessa palavra traduzida por virtude em nossas Bíblias em português. Na versão em hebraico essa palavra é “tzedaqah”, que significa “justiça, retidão”.

Essa tradução faz todo o sentido para mim, uma vez que, antes, Kefa havia dito que a fé que obtivemos foi por meio da justiça de nosso Elohim e Salvador Yeshua, o Messias (Kefa Beit/2 Pedro 1.1). Dessa forma Kefa está afirmando que não basta dizermos que temos fé, que acreditamos, mas que a justiça (a santidade de vida, a retidão) deve andar junta com essa fé, até mesmo para provar a sua veracidade.

A justiça é o fruto da árvore da fé.

Com relação a este aspecto, temos a seguinte instrução por parte de nosso Senhor:

Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.
(Matitiyahu/Mateus 5.20)

E não há justiça, não há santidade, não há retidão, sem obediência aos mandamentos do Eterno.

Então, para sermos retos, temos que estudar as Escrituras e descobrir o que o nosso Elohim requer de nós, súditos de Seu Reino.

É nossa responsabilidade suprirmos a nossa fé com justiça.


2. CONHECIMENTO

Depois que suprimos a nossa fé com a virtude [justiça], devemos suprir a virtude com o conhecimento.

Sobre o conhecimento já falamos na introdução deste artigo. Não é apenas ter um entendimento intelectual sobre o Eterno, mas conhecê-lo em nossa própria experiência no Caminho.

Veja como as coisas se conectam. Antes nós éramos escravos da corrupção das paixões que há no mundo (Kefa Beit/2 Pedro 1.4). Por meio da justiça do nosso Elohim e Salvador Yeshua, o Messias, nos obtivemos fé e nos tornamos participantes da natureza celestial (ainda Kefa Beit/2 Pedro 1.4). Daí o Eterno nos doou tudo (inclusive a Sua Ruach/o Seu Espírito) o que precisamos para vivermos de forma agradável a Ele (Kefa Beit/2 Pedro 1.3,4). O próximo passo é a formação da imagem de Yeshua em nós (Ruhomayah/Romanos 8.29 – Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos).

Este é o objetivo da nossa salvação. Não fomos salvos apenas para termos vida eterna. Não!

Nós fomos salvos com o propósito de sermos santos.

Pois esta é a vontade de Elohim: a vossa santificação... (Tessalonissayah Alef/1 Tessalonicenses 4.3)

E essa obra da santificação, de formar a imagem de Yeshua em nós, é realizada com nossa cooperação. Para tanto, não podemos ficar descansando em “berço esplêndido” enquanto esperamos o “bonde do arrebatamento” passar. Não!

E quanto mais buscamos e praticamos a justiça (a santidade, a retidão), mais temos experiência com o Eterno, ou seja, mais conhecemos o Eterno.

E o conhecimento é o ambiente mais adequado para a prática da próxima qualidade.


3. DOMÍNIO PRÓPRIO

Praticamos o domínio próprio por causa do conhecimento de nosso Elohim e Salvador Yeshua.

Creio que somente o conhecimento do amor de nosso Senhor, que sofreu e morreu por nós, pode nos constranger a negarmos as cobiças de nossa carne e dizermos NÃO ao pecado e SIM para a justiça.

14Pois o amor do Messias nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 15E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
(Curintayah Beit/2 Coríntios 5.14,15)

É nossa responsabilidade suprirmos o nosso conhecimento do Altíssimo com uma atitude de autodisciplina, de domínio próprio, diante das tribulações e tentações que surgirem no Caminho.

Se falharmos, devemos buscar o perdão e, mais ainda, o conhecimento do amor do Eterno.

Cada experiência que temos no exercício do domínio próprio proporciona o ambiente favorável para o surgimento da próxima qualidade.


4. PERSEVERANÇA

Cabe a nós, diante das vitórias, ou mesmo das derrotas, obtidas por meio do exercício do domínio próprio, supri-lo com a perseverança.

A cada vitória do domínio próprio temos a experiência relatada por parte de Sha'ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], em Ruhomayah/Romanos 5.3,4:

3E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; 4e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.

Ou seja, por meio do domínio próprio passamos pela tribulação e essa experiência de vitória nos fortalece para enfrentarmos a próxima tribulação (nos faz perseverar).

No entanto, caso sejamos derrotados, ainda assim devemos perseverar. Perseverar para não “jogarmos a toalha”, para não desistirmos, para não retrocedermos.

Devemos perseverar para continuar a caminhar, buscando mais e mais a justiça, o conhecimento do Eterno e o domínio próprio.

A próxima qualidade é um reforço e tanto para a perseverança.


5. PIEDADE

Devemos suprir a perseverança com a piedade.

A palavra do hebraico traduzida como “piedade” é “chassiydut” (pronunciasse “rrassidut”), que significa “devoção”. No caso, uma atitude de devoção ao Eterno.

Nada melhor do que a adoração ao Altíssimo para nos ajudar no Caminho. Não só em nossas devoções individuais, mas, principalmente, junto ao Corpo do Messias.

A adoração com a comunidade dos eleitos nos fortalece de uma forma toda especial. É um antegozo da experiência que teremos na eternidade, quando todos os filhos irão se reunir ao redor do trono do Pai Celestial para adorá-lO.

Cabe aqui lembrar que Kefa, ao listar estas qualidades que devemos acrescentar à nossa fé, está nos ensinando a crescer, a chegarmos à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude do Messias (Efessayah/Efésios 4.13).

Por meio de Kefa a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] está nos preparando para a eternidade.

Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias.
(Kefa Beit/2 Pedro 1.11)

Nesse ambiente de exercício da piedade encontramos um terreno muito propício para a próxima qualidade.


6. FRATERNIDADE

Fraternidade é o amor entre os irmãos da fé.

Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
(Ruhomayah/Romanos 12.10)

Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente...
(Kefa Alef/1 Pedro 1.22)

Ao adorarmos juntos (ao exercitarmos a piedade juntos) construímos vínculos entre nós e, aos poucos, vamos suprindo a piedade com a fraternidade. Primeiro amamos aquele irmão, depois aquele outro, depois outro, e assim por diante. Aos poucos a fraternidade, o amor entre os irmãos vai crescendo, tornando possível para nós cumprirmos o mandamento do Senhor.

O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
(Yochanan/João 15.12)

E não só nos momentos de adoração comunitária, mas o amor fraternal está conosco até mesmo no secreto de nosso quarto, em nossas orações, nos lembrando de nossos irmãos amados e fazendo com que supliquemos por cada um deles diante de nosso Pai Celestial.

Após este estágio só encontramos mais uma qualidade.


7. AMOR

Diferente da fraternidade, que visa os irmãos, aqui o amor é mais abrangente e se volta para todas as pessoas do mundo, independente de seus credos, línguas e nações.

É o maior e mais puro amor – o amor do Pai, que amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Yochanan/João 3.16).

Que faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (Matitiyahu/Mateus 5.45).

Que não quer que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento (Kefa Beit/2 Pedro 3.9).

É este o amor que move homens e mulheres a deixarem o conforto e a segurança de seus lares para ir aos mais longínquos lugares anunciar a desconhecidos que eles podem se reconciliar com o Eterno por meio de Yeshua, o Messias [Jesus, o Cristo]. Que todos os seus pecados são perdoados, por causa deste Nome. Que todo aquele que crê no Filho tem a vida eterna e ressuscitará no último dia. Que pode ir a Yeshua como está, sem medo, porque Ele nunca lança fora o que vem até Ele, pelo contrário, tal pessoa jamais perecerá e ninguém poderá arrebatá-la das Suas mãos, nem separá-la do Seu grande amor.

Tal é a força desse amor, que jamais acaba.


Bem, meus irmãos e minhas irmãs, estas são as qualidades que a Ruach HaKodesh, por meio de Kefa, nos manda acrescentar à nossa fé.

Se você leu até aqui seria oportuno perguntar a si mesmo neste instante: E agora, o que eu devo fazer?

A única resposta correta a esta pergunta você sabe qual é, não é mesmo?

De minha parte, antes de encerrar este artigo, devo externar que me sinto grandemente culpado com a situação atual do mundo. Sim, porque se o mundo quer permanecer nas trevas é porque a luz que há em mim não está brilhando o suficiente.

Se eu cooperasse mais com o Eterno, se pecasse menos, se obedecesse mais, se praticasse com mais fervor o que escrevi acima, com toda a certeza o mundo seria um lugar melhor.

Onde eu estivesse as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz estariam sendo proclamadas, rios de água viva fluiriam do meu interior para matar a sede dos sedentos, as trevas seriam dissipadas e o Reino dos Céus se faria presente.

Que o Eterno me perdoe por isso.

Se você também se sente assim, convido-o a, comigo, fazer o que Sha'ul escreveu, em Filipissyah/Felipenses 3.13,14, e Kefa, em Kefa Beit/2 Pedro 1.11:

13...esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Elohim no Messias Yeshua.

11Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias.

Amados,

Conheçamos e prossigamos em conhecer a Yahweh; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.
(Hoshea/Oséias 6.3)

Que o Eterno os abençoe e os guarde.


Yossef ben Yossef