Existem
algumas passagens nas Escrituras que deveriam nos encher de
expectativas diante daquilo que elas prometem realizar. Uma delas é
Kefa Beit/2 Pedro 1.8:
Porque
estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que
não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de
nosso Senhor Yeshua, o Messias [Jesus, o Cristo].
Como
talmidim [discípulos] do Senhor Yeshua, o Messias, nosso maior
anseio nesta vida é viver de forma agradável a Ele, produzindo
frutos que glorifiquem o Seu Nome, não é mesmo? E aqui Kefa [Pedro]
está ensinando o “caminho das pedras” para alcançarmos este
objetivo.
Tudo
começa nos versículos anteriores, onde Kefa nos orienta a não nos
contentarmos apenas com o fato de termos fé, mas que devemos suprir
a nossa fé com algumas coisas que, existindo em nós e em nós
aumentando, impedirá que sejamos inoperantes e improdutivos.
Antes
dele listar essas coisas, essas qualidades, é importante
ressaltarmos que ele deixa claro que o nosso crescimento só pode se
dar por meio do conhecimento de nosso Elohim e de nosso Salvador
Yeshua, o Messias. Crescemos na mesma proporção que conhecemos.
O
versículo 2 de Kefa Beit/2 Pedro nos diz:
...graça
e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Elohim
e de Yeshua, nosso Senhor.
Entendemos,
então, que a graça e a paz só podem abundar em nossa vida por meio
de nosso conhecimento do Eterno.
Isso
não é algo novo para nós, uma vez que o próprio Senhor Yeshua
associou a vida eterna a este tipo de conhecimento.
E
a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Elohim
verdadeiro, e a Yeshua, o Messias, a quem enviaste.
(Yochanan/João
17.3)
No
versículo 3 e 4 Kefa prossegue com a ideia.
3Visto
como, pelo seu poder celestial, nos têm sido doadas todas as coisas
que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo
daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,
4pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui
grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da
natureza celestial, livrando-vos da corrupção das paixões que há
no mundo...
Aqui
também vemos que é por meio do conhecimento do Eterno que recebemos
tudo o que necessitamos para a nossa peregrinação por esta terra.
Na
versão em hebraico da segunda carta de Kefa a palavra traduzida por
conhecimento é “daat”, que vem da raiz “yada”, que significa
“saber por experiência, perceber e ver”. Ou seja, não é mero
entendimento intelectual. Certa vez eu ouvi um rabino dizer que temos
daat quando a “ficha cai”. É como se a verdade ficasse tão
clara para nós que pudéssemos até mesmo dizer que a estamos vendo.
É ter a experiência.
É
após essa introdução que Kefa passa a expor as qualidades que
temos que ter, além da fé.
...5por
isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à
virtude o conhecimento; 6ao conhecimento o domínio
próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a
piedade; 7à piedade a fraternidade; à fraternidade o
amor.
(Kefa
Beit/2 Pedro 1.5-7)
As
qualidades listadas por Kefa são: virtude, conhecimento, domínio
próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor. Vejamos
brevemente cada uma delas.
1.
VIRTUDE
A virtude é a qualidade que deve suprir primeiramente a nossa fé.
Depois
de “ralar” um pouco no grego, sem ter um bom resultado, recorri
ao texto em hebraico
e lá encontrei o que penso ser o real significado dessa palavra
traduzida por virtude em nossas Bíblias em português. Na versão em
hebraico essa palavra é “tzedaqah”, que significa “justiça,
retidão”.
Essa
tradução faz todo o sentido para mim, uma
vez que, antes, Kefa havia dito que a fé que obtivemos foi por meio
da justiça de nosso Elohim e Salvador Yeshua, o Messias (Kefa Beit/2
Pedro 1.1). Dessa forma Kefa
está afirmando
que não basta dizermos que temos fé, que acreditamos, mas que a
justiça (a santidade de vida, a retidão) deve andar junta com essa
fé, até mesmo para provar
a sua veracidade.
A
justiça é o fruto da árvore da fé.
Com
relação a este aspecto, temos a seguinte instrução por parte de
nosso Senhor:
Porque
vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos
escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.
(Matitiyahu/Mateus 5.20)
E
não há justiça, não há
santidade, não há retidão, sem obediência aos mandamentos do
Eterno.
Então,
para sermos retos, temos que estudar as Escrituras e descobrir o que
o nosso Elohim requer de nós, súditos de Seu Reino.
É
nossa responsabilidade suprirmos a nossa fé com justiça.
2.
CONHECIMENTO
Depois
que suprimos a nossa fé com a virtude [justiça], devemos suprir a
virtude com o conhecimento.
Sobre
o conhecimento já falamos na introdução deste artigo. Não é
apenas ter um entendimento intelectual sobre o Eterno, mas conhecê-lo
em nossa
própria experiência no Caminho.
Veja
como as coisas se conectam. Antes nós éramos escravos da corrupção
das paixões que há no mundo (Kefa Beit/2 Pedro 1.4). Por meio da
justiça do nosso Elohim e Salvador Yeshua, o Messias, nos obtivemos
fé e nos tornamos
participantes da natureza celestial (ainda Kefa
Beit/2 Pedro 1.4). Daí o Eterno nos doou tudo (inclusive a Sua
Ruach/o Seu Espírito) o que precisamos para vivermos de forma
agradável a Ele (Kefa Beit/2 Pedro 1.3,4).
O próximo passo é a formação da imagem de Yeshua em nós
(Ruhomayah/Romanos 8.29 – Porquanto
aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos).
Este
é o objetivo da nossa salvação. Não fomos salvos apenas para
termos vida eterna. Não!
Nós
fomos salvos com o propósito de sermos santos.
Pois
esta é a vontade de Elohim: a vossa santificação...
(Tessalonissayah Alef/1 Tessalonicenses 4.3)
E
essa obra da
santificação, de formar a
imagem de Yeshua em nós, é
realizada com nossa cooperação. Para
tanto, não podemos ficar descansando em “berço esplêndido”
enquanto esperamos o “bonde do arrebatamento” passar. Não!
E
quanto mais buscamos e praticamos a justiça (a santidade, a
retidão), mais temos experiência com o Eterno, ou seja, mais
conhecemos o Eterno.
E
o conhecimento é o ambiente
mais adequado para a prática da próxima qualidade.
3.
DOMÍNIO PRÓPRIO
Praticamos o domínio próprio por causa do conhecimento de nosso
Elohim e Salvador Yeshua.
Creio que somente o conhecimento do amor de nosso Senhor, que sofreu
e morreu por nós, pode nos constranger a negarmos as cobiças de
nossa carne e dizermos NÃO ao pecado e SIM para a justiça.
14Pois o amor do Messias nos
constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos
morreram. 15E ele morreu por todos, para que os que vivem
não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e
ressuscitou.
(Curintayah Beit/2 Coríntios 5.14,15)
É nossa responsabilidade suprirmos o nosso conhecimento do Altíssimo
com uma atitude de autodisciplina, de domínio próprio, diante das
tribulações e tentações que surgirem no Caminho.
Se falharmos, devemos buscar o perdão e, mais ainda, o conhecimento
do amor do Eterno.
Cada experiência que temos no exercício do domínio próprio
proporciona o ambiente favorável para o surgimento da próxima
qualidade.
4.
PERSEVERANÇA
Cabe a nós, diante das vitórias, ou mesmo das derrotas, obtidas por
meio do exercício do domínio próprio, supri-lo com a perseverança.
A cada vitória do domínio próprio temos a experiência relatada
por parte de Sha'ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], em
Ruhomayah/Romanos 5.3,4:
3E não somente isto, mas também
nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação
produz perseverança; 4e a perseverança, experiência; e
a experiência, esperança.
Ou seja, por meio do domínio próprio passamos pela tribulação e
essa experiência de vitória nos fortalece para enfrentarmos a
próxima tribulação (nos faz perseverar).
No entanto, caso sejamos derrotados, ainda assim devemos perseverar.
Perseverar para não “jogarmos a toalha”, para não desistirmos,
para não retrocedermos.
Devemos perseverar para continuar a caminhar, buscando mais e mais a
justiça, o conhecimento do Eterno e o domínio próprio.
A próxima qualidade é um reforço e tanto para a perseverança.
5.
PIEDADE
Devemos
suprir a perseverança com a piedade.
A
palavra do hebraico traduzida como “piedade” é “chassiydut”
(pronunciasse “rrassidut”), que significa “devoção”. No
caso, uma atitude de devoção ao Eterno.
Nada
melhor do que a adoração ao Altíssimo para nos ajudar no Caminho.
Não só em nossas devoções individuais, mas, principalmente, junto
ao Corpo do Messias.
A
adoração com a comunidade dos eleitos nos fortalece de uma forma
toda especial. É um antegozo da experiência que teremos na
eternidade, quando todos os filhos irão se reunir ao redor do trono
do Pai Celestial para adorá-lO.
Cabe
aqui lembrar que Kefa, ao listar estas qualidades que devemos
acrescentar à nossa fé, está nos ensinando a crescer, a chegarmos
à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude do
Messias (Efessayah/Efésios 4.13).
Por
meio de Kefa a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] está nos
preparando para a eternidade.
Pois
desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino
eterno de nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias.
(Kefa
Beit/2 Pedro 1.11)
Nesse
ambiente de exercício da piedade encontramos um terreno muito
propício para a próxima qualidade.
6. FRATERNIDADE
Fraternidade é o amor entre os irmãos da fé.
Amai-vos cordialmente uns aos outros com
amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
(Ruhomayah/Romanos 12.10)
Tendo purificado a vossa alma, pela vossa
obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido,
amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente...
(Kefa Alef/1 Pedro 1.22)
Ao adorarmos juntos (ao exercitarmos a piedade juntos) construímos
vínculos entre nós e, aos poucos, vamos suprindo a piedade com a
fraternidade. Primeiro amamos aquele irmão, depois aquele outro,
depois outro, e assim por diante. Aos poucos a fraternidade, o amor
entre os irmãos vai crescendo, tornando possível para nós
cumprirmos o mandamento do Senhor.
O meu mandamento é este: que vos ameis uns
aos outros, assim como eu vos amei.
(Yochanan/João 15.12)
E não só nos momentos de adoração comunitária, mas o amor
fraternal está conosco até mesmo no secreto de nosso quarto, em
nossas orações, nos lembrando de nossos irmãos amados e fazendo
com que supliquemos por cada um deles diante de nosso Pai Celestial.
Após este estágio só encontramos mais uma qualidade.
7.
AMOR
Diferente da fraternidade, que visa os irmãos, aqui o amor é mais
abrangente e se volta para todas as pessoas do mundo, independente de
seus credos, línguas e nações.
É o maior e mais puro amor – o amor do Pai, que
amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que
todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna
(Yochanan/João 3.16).
Que faz nascer o seu sol sobre maus e bons e
vir chuvas sobre justos e injustos (Matitiyahu/Mateus
5.45).
Que
não quer que nenhum pereça, senão que
todos cheguem ao arrependimento (Kefa Beit/2 Pedro 3.9).
É
este o amor que move homens e mulheres a deixarem o conforto e a
segurança de seus lares para ir aos mais longínquos lugares anunciar a
desconhecidos que eles podem se reconciliar com o Eterno por meio de
Yeshua, o Messias [Jesus, o Cristo]. Que todos os seus pecados são
perdoados, por causa deste Nome. Que todo aquele que crê no Filho
tem a vida eterna e ressuscitará no último dia. Que pode ir a
Yeshua como está, sem medo, porque Ele nunca lança fora o que vem
até Ele, pelo contrário, tal pessoa jamais perecerá e ninguém
poderá arrebatá-la das Suas mãos, nem separá-la do Seu grande
amor.
Tal
é a força desse amor, que jamais acaba.
Bem,
meus irmãos e minhas irmãs, estas são as qualidades que a Ruach
HaKodesh, por meio de Kefa, nos manda acrescentar à nossa fé.
Se
você leu até aqui seria oportuno perguntar a si mesmo neste
instante: E agora, o que eu devo fazer?
A
única resposta correta a esta pergunta você sabe qual é, não é
mesmo?
De
minha parte, antes de encerrar este artigo, devo externar que me
sinto grandemente culpado com a situação atual do mundo. Sim,
porque se o mundo quer permanecer nas trevas é porque a luz que há
em mim não está brilhando o suficiente.
Se
eu cooperasse mais com o Eterno, se pecasse menos, se obedecesse
mais, se praticasse com mais fervor o que escrevi acima, com toda a
certeza o mundo seria um lugar melhor.
Onde
eu estivesse as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para a Sua
maravilhosa luz estariam sendo proclamadas, rios de água viva
fluiriam do meu interior para matar a sede dos sedentos, as trevas
seriam dissipadas e o Reino dos Céus se faria presente.
Que
o Eterno me perdoe por isso.
Se
você também se sente assim, convido-o a, comigo, fazer o que Sha'ul
escreveu, em Filipissyah/Felipenses 3.13,14, e Kefa, em Kefa Beit/2
Pedro 1.11:
13...esquecendo-me
das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de
mim estão, 14prossigo para o alvo, para o prêmio da
soberana vocação de Elohim no Messias Yeshua.
11Pois
desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino
eterno de nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias.
Amados,
Conheçamos
e prossigamos em conhecer a Yahweh; como a alva, a sua vinda é
certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia
que rega a terra.
(Hoshea/Oséias
6.3)
Que
o Eterno os abençoe e os guarde.
Yossef
ben Yossef