segunda-feira, 30 de junho de 2014

A SANTIDADE NO CAMINHO

29Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no guehinon. 
30E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o guehinon.
(Matitiyahu/Mateus 5.29,30)

Este texto de Matitiyahu faz parte da porção que comumente conhecemos por “Sermão do Monte”.

A importância dos ensinamentos do Senhor Yeshua, o Messias, contidos nessa porção, transcende o universo daqueles que professam a fé no Filho de Elohim.

A Mahatma Gandhi é atribuída a seguinte frase:

Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido.”

De fato, se atentarmos para as Palavras com que o Mestre encerrou este sermão perceberemos porque ele é tão importante:

24Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; 25e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha.
(Matitiyahu/Mateus 7.24,25)

Ou seja, neste sermão, que ocupa apenas 3 capítulos de Matitiyahu, está o segredo para o crescimento no Caminho, para a santidade de vida tão almejada pelos verdadeiros talmidim [discípulos] e, por conseguinte, para a verdadeira felicidade.

Segundo as Palavras do Mestre, se ouvirmos e praticarmos o que Ele ensinou ali no Sermão do Monte seremos inabaláveis diante das tribulações da vida.

Para mim, isto já é motivo mais do que suficiente para dedicarmos tempo para o estudo desta porção das Escrituras.

Neste artigo, no entanto, vamos limitar a nossa meditação a apenas este texto de Matitiyahu/Mateus 5.29,30, que é bem conhecido por todos os talmidim do Messias, mas pouco compreendido.

Lembro-me da reação de espanto que tive a primeira vez que li esta passagem, quando ainda era criança, pois entendi, naquela ocasião, que o Messias estava orientando os Seus seguidores a se mutilarem.

Na época eu não entendia que o Mestre não estava tratando de questões de olhos ou mãos, até mesmo porque não adianta muito arrancar o olho e a mão direita se ainda permanecem o olho e a mão esquerda.

O olho e mão direita do texto simbolizam aquilo que é muito importante para nós.

Ou seja, a grande lição do Mestre é para nos desvencilharmos de tudo aquilo que pode nos conduzir ao pecado. E neste campo podemos incluir não só coisas ilícitas e duvidosas, mas também aquelas que são lícitas, como programas de televisão, filmes, páginas da internet, revistas, rodas de amigos, etc.

Conforme nos ensinou Sha'ul, o emissário [apóstolo Paulo], em Curintayah Alef/1 Coríntios 6.12:

Nem tudo o que a Torá permite é conveniente. Nem tudo o que a Torá permite é para que tenha domínio sobre o homem.

Independente do que seja, do espaço que ocupa ou de sua importância em nossas vidas, se tais coisas nos induzem ao pecado (nos fazem tropeçar) temos que “cortar e lançar fora”, mesmo que tal atitude seja muito dolorosa.

E por que devemos fazer isso? Porque, além de ser um mandamento do Messias, este ensino trata da consequência do pecado para as nossas almas.

...pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o guehinon.

Lembro que o Senhor Yeshua dirigiu estas palavras aos discípulos e não aos incrédulos.

Um pouco antes de concluir Suas Palavras, nosso Senhor advertiu os Seus talmidim dizendo:

21Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 22Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? 23Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a transgressão à Torá.
(Matitiyahu/Mateus 7.21-23)

Compare este texto com o texto abaixo, de Matitiyahu 13:

24Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; 25mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou o joio no meio do trigo e retirou-se. 26E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. 27Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? 28Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? 29Não! Replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. 30Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro.

Dentre os muitos ensinamentos que podemos tirar destes textos eu gostaria de destacar os seguintes:

1. O talmid [discípulo] verdadeiro não é aquele que se limita a professar que crê em Yeshua, o Messias, mas sim aquele que busca obedecer às Suas Palavras.
2. Entre os seguidores do Messias existem pessoas que não pertencem a Ele.
3. Essas pessoas vivem praticando o pecado [o pecado é a transgressão da Torá – Yochanan Alef/1 João 3.4].
4. Tais pessoas estão destinadas ao guehinon [que é “onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga” – Marcus/Marcos 9.44,46,48].

Antes de prosseguir é necessário que eu deixe claro que não estou afirmando que um talmid deve viver uma vida perfeita, sem pecado. Um dia viveremos tal vida de perfeição, mas somente quando nosso corpo for glorificado. No momento, nossa atenção, nosso esforço e nosso objetivo deve ser correr, “com perseverança, a carreira que nos está proposta (Ivrim/Hebreus 12.1)”.

Em suma, o que quero dizer com isto é que:

- Não existe justificação sem santificação.
- Não há salvação sem mudança de vida.
- Não há boa árvore sem bom fruto.

E não adianta alguém me dizer que é salvo porque um dia “levantou a mão para Jesus” ou “foi à frente na hora do apelo”. Se não houve mudança de atitude em relação ao pecado depois destes acontecimentos, então na verdade não houve nada de relevante na vida dessa pessoa.

Tudo não passou de mera questão emocional ou psicológica.

Mas, por outro lado, se depois daquele dia essa pessoa passou a se incomodar com o pecado (principalmente em sua própria vida), a ansiar por libertação não só da culpa, mas, principalmente, do poder do pecado, e a buscar mais e mais conhecer o Eterno e a Sua vontade, então eu não tenho dúvidas de que a fé de tal pessoa é realmente verdadeira.

O mesmo eu não posso dizer se tal pessoa olha para a graça concedida por meio de Yeshua, o Messias, como um pretexto para viver sua vida da forma que achar melhor, mesmo que tal vida inclua a prática diária e constante do pecado. Se o pecado não a incomoda, se dentro dela não há aquele conflito da Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] contra o pecado, citado por Sha'ul, o emissário (Galutyah/Gálatas 5.17), então eu creio que tal pessoa está correndo um sério perigo.

A grande marca do discipulado é a SANTIDADE (e não o discurso ou a aparência).

Sim, pois todos nós fomos salvos com o propósito de sermos santos.

Pois esta é a vontade de Elohim: a vossa santificação... (Tessalonissayah Alef/1 Tessalonicenses 4.3)

...porque Elohim vos escolheu desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade... (Tessalonissayah Beit/2 Tessalonicenses 2.13)

Santifica-os na verdade... (Yochanan/João 17.17).

E o padrão de santidade que o Pai estabeleceu para nós não é outro senão o próprio Filho:

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Ruhomayah/Romanos 8.29).

Meu irmão, minha irmã, por meio de Matitiyahu 5.29,30 nosso Senhor Yeshua, o Messias, está nos advertindo de que devemos tratar seriamente com o pecado. Eu e você temos que repensar as nossas vidas e as nossas prioridades porque “a ocasião de começar o juízo pela casa de Elohim é chegada (Kefa Alef/1 Pedro 4.17) e “importa que todos nós compareçamos perante o tribunal do Messias, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo (Curintayah Beit/2 Coríntios 5.10).

Portanto,
Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor... (Ivrim/Hebreus 12.14)

Que o Eterno te abençoe e te guarde!
Yossef hanatzriy ben Yossef