A MENTE E A CARNE
Qual
o objetivo deste estudo?
Chegarmos todos juntos ao estágio
de Galutyah/Gálatas 5.16,24:
[...] Vivam
pela Ruach [Espírito], e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne... Os
que pertencem ao Messias Yeshua [Cristo Jesus] crucificaram a carne, com as
suas paixões e os seus desejos.
1. Um pequeno resumo
No
estudo anterior falamos sobre a cruz e seus 2 aspectos, substituição e
identificação, e afirmamos ser ela a Verdade objetiva para onde a nossa fé deve
apontar no trato com a nossa carne. Ou seja, para mortificarmos a nossa carne
temos que crer na obra que o Senhor Yeshua realizou em nosso favor na cruz do
Calvário.
Ao
analisarmos o texto de Rm 6.1-14 (no estudo anterior) descobrimos que não foi
apenas o Messias Yeshua que foi executado no madeiro, mas nós também (o aspecto
da identificação).
...6sabendo
isto: que foi executado no madeiro com ele o nosso velho homem, para que o
corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos...
(Rm 6.6)
É
essa Verdade que temos que conhecer e crer, pois somente assim poderemos
obedecer ao mandamento dado pelo Senhor por meio de Sha’ul, o emissário [Paulo,
o apóstolo], em Rm 6.11:
[...] considerai-vos mortos para o pecado, mas
vivos para Elohim, em [união ao] Messias Yeshua.
É
bem provável que tenhamos que nos esforçar muito em meditação e oração
para chegarmos a esse estágio referido por Sha’ul, de realmente nos
considerarmos mortos para o pecado e vivos para o Eterno.
|
2. A importância da mente na mortificação da carne
Neste
estudo trataremos sobre como podemos manter essa Verdade sempre viva em nossos
corações.
Para
tanto, temos que cooperar com o Senhor por meio de nossa mente, de nossos
pensamentos, nossos processos mentais.
A
mente é a função da alma que mais a influencia em seus processos decisórios. Ou
seja, a mente é a função que mais
influencia e vontade.
Dessa
forma, não podemos mais olhar para essa nova vida que recebemos do Senhor, o
caminho que está diante de nós, com a velha mente que tínhamos antes de crermos
nEle. Precisamos agora pensar de modo novo, ou seja, temos que renovar a nossa mente.
Para vivermos o
novo temos que pensar no novo!
Em
Rm 12.2, a Ruach HaKodesh nos deixou a seguinte instrução, por meio de Sha’ul,
o emissário:
E não vos conformeis com este século, mas
transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja
a boa, agradável e perfeita vontade de Elohim.
Ou
seja:
Não
devemos tomar a forma, a aparência das pessoas que vivem nesta presente era.
Não devemos ser iguais a essas pessoas naquilo que elas pensam, buscam,
praticam ou acreditam.
Devemos
nos transformar em algo novo, pensando de forma nova.
Renovação
da mente nada mais é do que pensar segundo a nova vida e o novo projeto de vida
que recebemos.
P: Em que devemos pensar como
discípulos?
R: No que somos, segundo a
Verdade. No que somos em [união ao] Messias.
|
Ou
seja, devemos ter em mente, de forma bem clara e viva que:
v
Já
morremos com o Messias.
v
Não
estamos mais em Adam [Adão], mas no Messias [em Cristo].
v
Não
pertencemos ao domínio das trevas, mas fomos transportados para o Reino do
Eterno.
v
Não
estamos no mundo, mas estamos apenas de passagem por aqui como peregrinos e
forasteiros.
v
Não
temos pátria nesse mundo, mas aguardamos a vinda da Nova Yerushalayim [Jerusalém],
que descerá dos céus.
v
Não
somos mais escravos do pecado, mas sim servos da justiça.
Temos
que entender que o Eterno plantou a semente do Seu Reino em nossos
corações e essa semente quer crescer e nos fazer crescer (Lc 13.18,19;
17.20,21).
Para
tanto, a fim de cooperamos com o Senhor em Sua obra em nossas vidas, devemos estabelecer definitivamente uma
linha em nosso processo de pensamento, reconhecendo e separando o velho do
novo, negando o velho e observando apenas o que é novo.
O
texto de Efésios 4.17-24, retrata bem essa condição:
17Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis
como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, 18obscurecidos
de entendimento, alheios à vida de Elohim por causa da ignorância em que vivem,
pela dureza do seu coração, 19os quais, tendo-se tornado
insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte
de impureza. 20Mas não foi assim que aprendestes ao Messias, 21se
é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade
em Yeshua, 22no sentido de que, quanto ao trato passado, vos
despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do
engano, 23e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, 24e
vos revistais do novo homem, criado segundo Elohim, em justiça e retidão
procedentes da verdade.
Algumas
afirmações saltam aos olhos nas palavras da Ruach HaKodesh, ditas por Sha’ul:
v
Não
devemos mais viver como vivíamos antes de crermos, na contramão da vida,
caminhando a passos largos para longe do Eterno, em direção a perdição eterna –
v17-19.
v
Conforme
aprendemos sobre a verdade no Messias, devemos deixar de viver do jeito que
vivíamos antes de crer nEle (quanto ao trato passado, vos despojeis do velho
homem) – v20-22.
v
Devemos
renovar a nossa mente, pensando de acordo com a Verdade e a nova vida
que recebemos – v23.
v
Devemos
ser aquilo para o qual fomos chamados para ser, em união ao Messias Yeshua: Um
novo homem, criado para ser santo – v24.
Por
isso temos que exercitar a nossa mente
a fim de lembrarmos e meditarmos
constantemente no novo, ou seja, que nós fomos unidos aos Senhor em Sua morte no madeiro e que lá o nosso velho
homem FOI executado juntamente com o Messias (Rm 6.3-6).
Estamos unidos a
Ele como um ramo enxertado em uma Videira (Jo 15.5).
Portanto, temos
que usar a nossa mente para influenciar a nossa vontade (a função da alma responsável
pelas nossas decisões) a fim de nos considerarmos verdadeiramente mortos para o
pecado e vivos para o Eterno, em união ao Messias Yeshua (Rm 6.11).
Somente
assim o poder do pecado irá parar de agir livremente em nós (Rm 6.12).
Nossos
pensamentos não podem ficar indo de lá para cá, sem controle. Temos que
cingir a nossa mente (1 Pe 1.13) e atentar para o que a Palavra nos orienta a
fazer:
Pensai nas coisas lá do alto, não nas
que são aqui da terra.
(Cl 3.2)
Se
não pensarmos no novo, o mundo, a carne e o Adversário irão nos enganar
e influenciar de alguma forma e nos farão voltar a pensar da forma antiga.
É
por isso, assim penso, que nós fazemos tão pouca diferença no mundo hoje. Se as
pessoas do mundo olham para nós – os ditos eleitos, filhos do Rei, os
abençoados, os mais que vencedores, etc, etc – e não veem nada de diferente
deles, além das roupas (em alguns casos) e do vocabulário, como serão atraídas?
Como
podemos ser luz do mundo se pensamos e andamos como aqueles que jazem nas
trevas?
3. Lembrando e pensando na cruz todos os dias
Por isso, creio, que nosso Senhor nos deixou
o mandamento de levarmos o madeiro dia a dia, sendo essa uma das condições fundamentais que
Ele estabeleceu para todos os que querem segui-lO.
Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si
mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
(Lc 9.23)
Essa é uma
Verdade para ser lembrada e praticada todo o tempo.
P: Por que antes de tomar a cruz
é necessário que o discípulo negue a si mesmo?
R: Porque a carne irá fazer de
tudo para não obedecermos ao Senhor.
|
Creio
que podemos parafrasear as Palavras do Senhor da seguinte forma: Se vocês
querem me seguir, se querem andar comigo, a primeira coisa que devem fazer é
renunciar a tudo em vocês que não estiver de acordo com a vontade do Eterno.
Vocês terão que abrir mão da própria vontade, negando-a, se ela não estiver de
acordo com a vontade do Pai.
Esta
também era a atitude mantida pelo Senhor quando esteve aqui na terra:
Porque eu desci do céu, não para fazer a minha
própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.
(Jo 6.38)
Este
é princípio, o alicerce para o que virá depois, ou seja, a cruz.
Em
geral nós só lembramos do madeiro quando recordamos que foi lá, na carne de
nosso Senhor, que os nossos pecados foram perdoados, não é mesmo?
Mas
quando nosso Senhor nos manda levar a cada dia o nosso madeiro (que na verdade
é o mesmo madeiro onde Ele e nós fomos crucificados), Ele está nos conduzindo a
uma experiência que vai muito além do perdão, da libertação da culpa dos
pecados: A libertação do poder do pecado.
Ou seja, Ele está nos mandando manter viva a lembrança
e a fé na Verdade objetiva de Rm 6.6:
[...] que foi crucificado com ele o nosso velho
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como
escravos...
Por
meio do levar a cruz dia a dia Ele quer que eu e você nos consideremos mortos
para o pecado e vivos para o Pai (Rm 6.11).
Devemos levar
conosco a cada dia, a cada instante, uma atitude de habitar na morte do Senhor Yeshua.
E
isso envolve o nosso processo mental, os nossos pensamentos.
Não
basta cremos que morremos com Ele. É necessário também mantermos viva essa atitude fé por meio de nossa
memória, em nossos pensamentos, a cada momento de nossas vidas.
É
nesse sentido que também Sha’ul, o emissário, escreveu sobre o seu testemunho
de vida, em 2 Co 4.10-12:
10levando sempre no corpo o morrer de Yeshua, para
que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. 11Porque nós, que
vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Yeshua, para que também a
vida de Yeshua se manifeste em nossa carne mortal. 12De modo que, em
nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.
Ou
seja, Sha’ul levava a cada dia uma atitude de fé na sua morte para o pecado (Rm
6.11) com o Senhor Yeshua no madeiro (o
morrer de Yeshua)
e assim ele experimentava a manifestação da Vida do Senhor em seu corpo, por
meio da Ruach HaKodesh.
Enquanto
ele habitava na morte (do Senhor), a Vida (do Senhor) era liberada para as
pessoas com quem ele se relacionava (v12).
Logo,
espiritualmente falando, o segredo para a vida está na morte, na morte com o
Senhor no madeiro.
Podemos
ver uma boa ilustração sobre este processo nas Palavras de nosso Senhor Yeshua,
em Jo 12.24:
Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de
trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito
fruto.
Quem
lê este versículo pode pensar que o Senhor fala apenas da Sua experiência de
morte, mas veja a continuação do texto:
25Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a
sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém
me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se
alguém me servir, o Pai o honrará.
O
verso 24 é Ele indo para a cruz, já o verso 26 é Ele convidando a todos os que
O servem a segui-lO nesta morte no madeiro.
Quanto
mais o grão de trigo lança suas raízes para baixo, mas a vida surge em direção
ao alto.
Se
lermos as cartas de Sha’ul vamos vê-lo falando sobre o madeiro em várias
ocasiões, como, por exemplo:
Gl
2.19,20:
[...]
19Estou crucificado com o Messias; 20logo, já não sou eu quem
vive, mas o Messias vive em mim...
Vejamos
o mesmo texto na tradução de J. B. Phillips (Cartas para Hoje):
[...]
19Morri na cruz com Cristo. 20E minha vida atual não é a
do velho “eu”, mas sim o Cristo vivo dentro de mim.
Filipenses
3.10:
[...]
para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus
sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte...
Colossenses
3.3:
[...]
porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com o Messias, em Elohim.
Apesar
desta nossa morte com o Senhor ter sido de uma vez por todas, temos que
retornar para ela “dia a dia” (temos que nos lembrar), a fim de podermos
usufruir do seu poder contra o pecado.
Creio
que estes textos, bem como os argumentos apresentados neste estudo, são
suficientes para entendermos a importância e a necessidade da renovação de
nossa mente para pensarmos no novo, a fim de influenciarmos a nossa vontade
para decidirmos levar a cada dia o madeiro – a experiência de habitarmos na
morte do Senhor – com o objetivo de que a nossa carne seja mortificada e
sejamos libertos da influência constante e contínua do poder do pecado, que
insiste em nos fazer cativos de uma vida de rebeldia contra o Senhor e Sua
vontade.
Entendam
que NÃO estamos afirmando que nunca mais iremos pecar. Não! Segundo Rm 6.6 o
pecado ainda permanece em nós, em nosso corpo. Sendo assim, iremos fracassar
todas as vezes que não vigiarmos (ficarmos atentos, vivendo a Verdade a cada
dia) e orarmos.
[...] vigiai e orai, para que não entreis em
tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
(Mt 26.41)
Longe
de querer esgotar o assunto, este estudo tem como objetivo apenas introduzir o
tema na vida de todo o discípulo, para que ele pondere sobre sua importância e
busque assim cumprir a vontade do Senhor.
Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.
(Lm 3.21)
Porque decidi nada saber entre vós, senão a Yeshua,
o Messias, e este crucificado.
(1 Co 2.2)
Yossef Franco