quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O DISCÍPULO E O CAMINHO

13Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), 14porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.
(Mt 7.13,14)

Como alguém que já passou pela porta (Jo 10.9) deve percorrer o caminho (Jo 14,6)?

Antes de responder a esta pergunta é necessário lembrar que este alguém que passou pela porta – por meio da fé no Messias Yeshua [Jesus, o Cristo] e a confissão de Seu Nome – é chamado de discípulo [talmid, em hebraico], entre outros nomes, nas Escrituras.

Um talmid do 1º século não era alguém que tinha como meta apenas saber o que o seu rabino, o seu mestre, ensinava ou pensava. O objetivo do discípulo era ser como o seu mestre.

Logo, um discípulo de Yeshua, o Messias, não era alguém que se limitava a professar sua fé nEle, mas alguém que O seguia para ser como Ele é.

E assim como os demais talmidim [plural de talmid, discípulos] do 1º século em sua relação com seus rabinos, os talmidim de Yeshua também procuravam ser como seu Mestre e não meramente saber o que Ele pensava ou ensinava.

Para tanto o talmid procurava viver o mais próximo possível de se mestre, até mesmo morando com ele. Assim ele poderia não só ouvir as lições de seu mestre como também ver como Ele praticava a obediência ao Eterno em seu dia a dia.

As tarefas principais de um discípulo eram, basicamente, memorizar as palavras de seu mestre, já que os rabinos não costumavam escrever livros, imitar os exemplos de seu mestre, para ser como ele, e fazer discípulos, para que as palavras de seu mestre fossem transmitidas a outros.

Nosso Mestre, nosso Rabino, é o Messias Yeshua e se somos realmente Seus discípulos temos que imitar os nossos antepassados e seguir os Seus passos.

E é observando a forma como Ele viveu neste mundo que iremos em busca da resposta para a pergunta inicial: Como alguém que já passou pela porta deve percorrer o caminho?

Como Yeshua andou? Obedecendo a vontade do Pai, como a Palavra nos ensina:

Disse-lhes Yeshua: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.
(Jo 4.34)

Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma por que ouço, julgo. O meu juízo é justo, porque não procuro a minha própria vontade, e sim a daquele que me enviou.
(Jo 5.30)

Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.
(Jo 6.38)

Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e no seu amor permaneço.
(Jo 15.10)

Não é a toa que o nosso Mestre disse que o caminho era apertado, em contraste com o caminho do mundo, que é espaçoso.

E por que é apertado? Porque é um caminho de obediência. Não podemos escolher a forma como queremos andar nele, mas devemos seguir os passos daquele que é, Ele mesmo, o Caminho.

Quando andamos neste Caminho da obediência somos transformados cada vez mais na imagem de nosso Mestre, o Messias Yeshua, na mesma proporção que deixamos de nos parecer com o mundo.

Este processo de seguir pelo caminho apertado da obediência ao Eterno é chamado de tikun (que quer dizer retificação no caso, retificação da alma), no judaísmo, e santificação, no cristianismo.

Todos os que passaram pela porta devem trilhar este Caminho de retificação/santidade.

...aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.
(1 Jo 2.6)

É por meio da santificação que iremos alcançar o objetivo para o qual fomos colocados neste Caminho, que é também o objetivo de todo o discípulo: A conformidade ao Mestre.

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
(Rm 8.29)

Ao contrário do que muitos pensam o objetivo maior da salvação não é a vida eterna ou a morada na Nova Jerusalém. Isto é a consequência. Somos salvos com o propósito de sermos conformados à imagem do Messias Yeshua.

Para isto temos que viver com a consciência de que temos este alvo, este objetivo, porque se nos esquecermos dele não iremos a lugar nenhum. Andaremos em círculos e não iremos progredir, nem crescer, além de estarmos sujeitos a todo o tipo de frustração e fracassos.

E tanto o judaísmo como o cristianismo creem na necessidade da retificação/santificação como condição fundamental para a entrada no mundo vindouro.

O texto de Hebreus 12.14 é um verdadeiro pesadelo para aqueles que creem na “doutrina” do presente século de que basta levantar a mão pra Jesus na hora do apelo para ser salvo, independente da forma que o indivíduo irá viver depois deste gesto.

Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.

Alguns pensam que serão salvos mesmo vivendo uma vida sem qualquer compromisso com o Eterno e Sua Palavra.

Além do texto de Hebreus seria interessante a leitura também de Mt 7.22,23, Ef 5.5 e 1 Jo 3.9, entre outros.

Alguns podem citar Jo 10.28 argumentando que Yeshua afirmou que ninguém iria arrebatar as Suas ovelhas de Suas mãos, no entanto se esquecem que, antes, Ele identificou as Suas ovelhas como sendo aquelas que ouvem a Sua voz e O seguem (Jo 10.27).

Todos que passaram pela PORTA devem seguir o CAMINHO!

Não é opcional.

Então, como alguém que já passou pela porta deve percorrer o caminho?

Andando em santidade de vida, tendo a consciência de que foi salvo – colocado no Caminho – para ser tornar semelhante a Yeshua, o Messias.

E como é fácil para nós nos esquecemos de algo tão importante – que temos que percorrer o caminho da santidade a fim de que a imagem de Yeshua seja formada em nós.

Nossa atenção é dispersa diariamente por conta de outros assuntos – espirituais ou seculares – que vivem ocupando as nossas mentes.

A cada domingo tem uma pregação com uma ênfase nova sobre algo a ser praticado.

A cada shabat tem um estudo da Torá com uma lição nova pra ser vivida.

Isto fora os diversos assuntos seculares que pedem a nossa atenção diariamente.

O problema não está no assunto da pregação, na porção do estudo da Torá ou mesmo nos assuntos do dia a dia, e sim em desviarmos a nossa atenção do propósito maior ao lidarmos com todas estas questões.

Tanto a pregação, o estudo da Torá e até mesmo os problemas da vida, são meios para atingirmos o alvo e deveríamos olhar para eles como sendo ferramentas que o Eterno coloca no Caminho para nos moldar à imagem de Yeshua, o Messias.

Quando nos esquecemos do alvo, deixamos de valorizar os meios e até mesmo passamos a murmurar contra eles.

Se conseguirmos ver o alvo, podemos repensar a nossa vida de forma a buscar alcançá-lo.

Seguindo o exemplo de Sha’ul, o emissário, devemos prosseguir para conquistar aquilo para o que também fomos conquistados pelo Messias Yeshua. Devemos nos esquecer das coisas que para trás ficam e avançar para as que diante de nós estão, prosseguindo para o alvo (Fp 3.12.14).

Sem termos e vermos o alvo não iremos a lugar nenhum.

É por não termos uma visão clara deste objetivo (ou nos esquecermos dele) que muitos de nós vivemos andando em círculo, sem progresso no Caminho e sem cooperar com o Eterno no desenvolvimento de nossa salvação, que teve início no Calvário.

Novamente digo:

AQUELE QUE PASSOU PELA PORTA DEVE PERCORRER O CAMINHO.

E tudo começa com a visão clara do alvo, do objetivo, que temos que alcançar.

Mas o que devemos fazer em termos práticos, em nosso dia a dia, para alcançarmos este objetivo?

Com certeza deverá ser algo que nos tire da inércia espiritual onde nos encontramos atualmente. Ou seja, a resposta para esta pergunta, seja ela qual for, com certeza não será algo tão pequeno que não absorva a nossa atenção, dedicação, motivação e expectativas.

A resposta a esta pergunta, seja ela qual for, deve redefinir as nossas prioridades de vida e estar presente nas rotinas mais básicas de nosso dia a dia.

Para alcançarmos o alvo é fundamental investirmos tempo em nossa relação com o Eterno.

Pra isto temos que rever as nossas prioridades.

É certo que não há como crescermos sem nos alimentarmos com a Palavra do Eterno, do Gênesis ao Apocalipse.

Muitas pessoas dizem que não gostam da Lei [a Torá = Instrução, o Pentateuco] e pensam nela apenas como uma porção da Bíblia que só fala de sacrifícios de animais. Tais pessoas desconhecem que a Torá é a base, o alicerce de toda a Palavra de Elohim.

É lá que aprendemos que só podemos ter um só Elohim, que temos que honrar nossos pais, que não podemos roubar ou assassinar, etc.

É a Torá que nos ensina como amar a Elohim a ao nosso próximo.

Se olharmos para a história de Israel na Bíblia veremos que seus períodos de abundância ou escassez, vitórias ou derrotas, estão diretamente ligados a obediência ou transgressão da Lei [Torá].

Não é a toa que o Salmo 1 inicia dizendo que feliz é aquele que tem o seu prazer na Lei do Eterno e nela medita de dia e de noite (Sl 1.1,2).

E, se retificação de nossa alma é o que queremos, veja o que diz o Salmo 19.7:

A Torá de Yahweh é perfeita e restaura a alma.

E Sha’ul, o emissário, escreveu o seguinte, em Rm 7.14:

Porque bem sabemos que a lei é espiritual...

Com estes testemunhos da Palavra fica complicado entender que pessoas que professam a fé em Yeshua digam que não gostam da Lei.

Mas, além de termos que encontrar tempo para conhecermos o Eterno e Sua vontade, por meio de Sua Palavra, temos também que investir tempo na oração.

Neste ponto creio que o judaísmo tem larga vantagem sobre o cristianismo, já que os judeus estabeleceram 3 momentos diários de oração – de manhã, à tarde e após o anoitecer – que procuram seguir com regularidade.

O cristão pode pensar que está em vantagem, pois pode orar a qualquer hora, ou mesmo “orar sem cessar” (1 Ts 5.17), mas essa aparente vantagem acaba sendo mais um empecilho do que uma motivação, que resulta no fato de que a grande maioria dos cristãos não passa sequer um período de 1 hora diária em oração.

Mas, por quê? Porque, de posse da liberdade para orar a hora que quiserem, muitos cristãos deixam de orar de manhã porque não tem tempo. Adiam a oração para a tarde, mas essa também é adiada, já que eles estão ocupados. Deixam pra orar de noite, mas aí estão cansados. De madrugada, então, nem pensar. Acaba sobrando o domingo, na igreja.

Enquanto isso, alguns judeus, além dos 3 serviços diários de oração, ainda praticam uma forma não estruturada e espontânea de oração e meditação chamada de Hitbodedut (auto isolamento, em hebraico), que consiste, basicamente, em se isolar em um ambiente privado durante um tempo (em geral 1 hora), diariamente, para falar com o Eterno de forma espontânea, como se fala com um amigo, sobre todo tipo de assunto – o nosso dia a dia, nossas expectativas, dúvidas, angústias, alegrias, dificuldades, vitórias, derrotas, desejos, etc.

Hitbodedut me faz até lembrar das Palavras de Yeshua, em Mt 6.6 e 26.40:

Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.

Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?

Não sei como você irá fazer (ou mesmo se irá fazer), mas sem encontrar tempo para estudar a Palavra (lembrando que os discípulos até memorizavam as Palavras do Mestre) e andar com o Eterno (os discípulos viviam o mais próximo possível do Mestre) não será possível alcançar o alvo: a conformidade à imagem de Yeshua (Rm 8.29).

Este é o nosso objetivo no presente momento. Todos os demais – o louvor, a adoração, a pregação, o anúncio do Reino – dependem dele.

Corramos, então, meus irmãos e minhas irmãs, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para Yeshua, o Autor e Consumador da fé (Hb 12.1,2).

Talvez a mensagem deste artigo não seja popular em meio a uma geração que foi ensinada a viver uma fé tão superficial que nem mesmo deveria ser chamada de fé bíblica.

Mesmo correndo este risco resolvi escrever estas linhas e que o Eterno faça uso delas conforme a Sua vontade.

E que a Ruach HaKodesh [Espírito Santo] possa operar em nós a fim de que, por nossas vidas, o Nome do Messias Yeshua possa ser glorificado.

Que Yahweh a todos abençoe!

Yossef ben Yossef

(Lauro Franco)


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O MESSIAS E AS FESTAS BÍBLICAS

Este artigo tem como objetivo apresentar a relação que há entre a obra do Messias Yeshua em nossas vidas e as Festas Bíblicas, bem como demonstrar como a observância das Festas pode nos ajudar em nosso Caminho.

Inicialmente gostaria de afirmar que, ao contrário do que muitos pensam, as Festas Bíblicas não foram abolidas, assim como também a Torá [Lei, Instrução] não foi.

Afirmo isto tendo como base as Palavras do Messias Yeshua [Jesus, o Cristo]...

Não penseis que vim revogar [abolir] a Torá [Lei] ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.
(Mt 5.17)

E se atentássemos para o que diz a Bíblia sobre a vigência das Festas Bíblicas não teríamos dúvidas quanto a isso. Vejamos alguns textos:

Este dia vos será por memorial, e o celebrareis como solenidade a Yahweh; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo.
(Ex 12.14 – Pessach/ Matzot [Páscoa / Pães Asmos])

No mesmo dia, se proclamará que tereis santa convocação; nenhuma obra servil fareis; é estatuto perpétuo em todas as vossas moradas, pelas vossas gerações.
(Lv 23.21 – Shavuot [Pentecostes])

Nenhuma obra fareis; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações, em todas as vossas moradas.
(Lv 23.32 – Yom haKipurim [Dia das Expiações])

Celebrareis esta como festa a Yahweh, por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações; no mês sétimo, a celebrareis.
(Lv 23.41 – Sukot [Tabernáculos])

Em todas as passagens acima o Eterno diz que as Festas devem ser observadas como um estatuto “perpétuo”, ou seja, que é “para sempre”, “enquanto houver mundo”.

Confirmando este argumento podemos ver no texto de Zacarias 14.16, que é uma passagem escatológica, as nações celebrando uma Festa Bíblica no final dos tempos:

Todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém subirão de ano em ano para adorar o Rei, Yahweh das Hostes, e para celebrar a Festa dos Tabernáculos.

Ainda sobre o assunto nosso Senhor Yeshua, o Messias, ensinou o seguinte:

Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um yud ou um traço [i ou um til] jamais passará da Torá [Lei], até que tudo se cumpra.
(Mt 5.18)

Ou seja, enquanto o céu e a terra durarem, nada será tirado da Lei — nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas (Nova Tradução na Linguagem de Hoje).

Então, se há um céu sobre nossas cabeças e um chão debaixo de nossos pés, a Torá [Lei] e, em consequência, as Festas Bíblicas, estão em vigor para o povo do Eterno, tanto judeus quanto não judeus (Ex 12.49) e devem ser observadas por todo aquele que afirma que a Bíblia – de Gênesis a Apocalipse – é a sua regra de fé e prática.

Feita esta breve introdução, vejamos agora qual a relação entre as Festas Bíblicas abaixo e a obra do Messias Yeshua em nossas vidas:

PESSACH / PÁSCOA

No mês primeiro, aos catorze do mês, no crepúsculo da tarde, é Pessach de Yahweh.
(Lv 23.5)

O tema principal de Pessach é libertação/salvação.

E como Elohim libertou o Seu povo? Por meio do sangue do Cordeiro.

Na noite em que o Eterno passou pela terra do Egito o fato que determinou em que casa ele permitiria o Destruidor entrar para trazer a morte foi a presença ou a ausência do sangue nas portas.

Para ele não importava se a porta era bonita ou feia, se a família que morava na casa era uma família respeitável ou não, se era pobre ou rica, se ia ao domingo na Igreja ou na sinagoga ao sábado, ou ainda se fazia boas ações, etc. Não! O que ele olhou foi para o sangue. Nas casas onde havia o sangue ele não entrou, independente de quem vivia ali.

E assim o Eterno libertou o Seu povo do Egito para servi-lO no deserto.

Sabemos, pelas Escrituras, que este episódio do livro do Êxodo apontava para o sacrifício de Yeshua, o Messias, o Cordeiro de Elohim, que derramou o Seu sangue no madeiro para nos salvar.

Assim o Eterno, por meio de Sua Destra Yeshua, o Messias, nos liberta do Egito [o mundo, no sentido moral] pelo sangue do Cordeiro para servi-lO no deserto [o mundo, no sentido físico].

Sabeis que daqui a dois dias é Pessach, e o Filho do Homem será entregue para ser executado.
(Mt 26.2)

18sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, 19mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Yeshua...
(1 Pe 1.18,19)

Eis o Cordeiro de Elohim, que tira o pecado do mundo!
(Jo 1.29)

13Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, 14no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
(Cl 1.13,14)

E como aconteceu com Israel a milhares de anos atrás, o sangue do Messias Yeshua nos salva, ainda hoje, da destruição.

Mas, o que acontece após a saída do Egito?

MATZOT / PÃES ASMOS

E aos quinze dias deste mês é a Festa dos Pães Asmos de Yahweh; sete dias comereis pães asmos.
(Lv 23.6)

Imediatamente após Pessach vem Matzot, em que a observância principal é comer Matzot [pães asmos = massa vazia, sem ar, não levedada] por 7 dias e a retirada do fermento [chametz = massa inchada, cheia de ar, levedada] das casas.

Sete dias comereis pães asmos. Logo ao primeiro dia, tirareis o fermento das vossas casas, pois qualquer que comer coisa levedada, desde o primeiro dia até ao sétimo dia, essa pessoa será eliminada de Israel.
(Ex 12.15)

Neste contexto o fermento representa o pecado.

Então, logo após a nossa saída do Egito, o Messias inicia a obra da remoção do pecado de nossas vidas. E este é o tema principal de Matzot – a eliminação – a salvação da culpa e do poder – do pecado (para saber mais como esta obra é realizada, veja o artigo “O MESSIAS, A MORTE E A VIDA”, no Blog).

Mas, o que é o pecado e como posso ser liberto dele?

Para respondermos a estas perguntas temos que entender a temática da próxima Festa...

SHAVUOT / PENTECOSTES

15Contareis para vós outros desde o dia imediato ao shabat, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão. 16Até ao dia imediato ao sétimo shabat, contareis cinquenta dias; então, trareis nova oferta de manjares a Yahweh.
(Lv 23.15,16)

Dois eventos extraordinários aconteceram em Shavuot:

1 – A recepção da Torá.
2 – A recepção da Ruach HaKodesh [Espírito Santo].

Por meio da Torá aprendemos como devemos viver segundo a vontade do Eterno.

Por meio da Ruach somos capacitados a viver de acordo com a Torá.

Para eliminarmos o fermento [pecado] temos que saber o que é pecado. Pecado não é algo que é definido por eu ou você, ou por algum ministério ou grupo, mas é definido claramente pela Bíblia.

...o pecado é a transgressão da Torá [Lei].
(1 Jo 3.4)

Então, para sabermos se estamos pecando, basta sabermos se estamos fazendo algo que transgride a Torá.

Mas a temática da Festa e a obra do Messias Yeshua não param por aí, pois não basta que saibamos o que a Torá diz, mas temos que ter condições de cumpri-la, já que a Torá é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado (Rm 7.14).

A Ruach nos foi dada exatamente para suprir esta nossa necessidade.

Porque a lei da Ruach [do Espírito] da vida, em união ao Messias Yeshua, te livrou da lei do pecado e da morte.
(Rm 8.2)

Veja, no entanto, que a Ruach opera em união ao Messias Yeshua, ou seja:

Sem Yeshua nada podemos fazer!

Tendo recebido a Torá e a Ruach vamos ao próximo evento...

YOM TERUÁ / DIA DO BRADO

Fala aos filhos de Israel, dizendo: No mês sétimo, ao primeiro do mês, tereis descanso solene, memorial, com sonidos de trombetas, santa convocação.
(Lv 23.24)

O texto de Lv 23 fala que Yom Teruá é um memorial, porém não informa sobre o que devemos nos lembrar. No entanto, nós, os seguidores de Yeshua, o Messias, sabemos muito bem do que o Eterno quer que nos lembremos por meio dos sonidos das trombetas:

Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Elohim, descerá dos céus, e os mortos no Messias ressuscitarão primeiro.
(1 Ts 4.16)

Logo, o tema principal de Yom Teruá é o anúncio do Reino, do dia em que o Rei Messias voltará para julgar a terra e para reinar sobre o Seu povo – o Dia de Yahweh (Dia do Senhor).

14Está perto o grande Dia de Yahweh; está perto e muito se apressa. Atenção! O Dia de Yahweh é amargo, e nele clama até o homem poderoso. 15Aquele dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas, 16dia de trombeta e de rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas.
(Sf 1.14-16)

Em Yom Teruá somos lembrados que o Reino de Elohim está próximo e exortados a anunciar a sua vinda.

Foi exatamente esta a pregação de nosso Senhor no início de Seu ministério aqui na terra:

Daí por diante passou Yeshua a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.
(Mt 4.17)

Outra versão do texto diz:

...porque é oferecido o reino dos céus.

Seguindo o exemplo do Mestre e tendo recebido a Torá [os estatutos do Reino] e a Ruach [o poder da vida do Reino], somos persuadidos por meio de Yom Teruá a anunciar aos homens que se arrependam de suas transgressões a Torá e sejam reconciliados com o Eterno, por meio do Messias Yeshua.

Com este entendimento, vejamos a próxima Festa:

YOM HAKIPURIM / DIA DAS EXPIAÇÕES

Mas, aos dez deste mês sétimo, será o Dia da Expiação; tereis santa convocação e afligireis a vossa alma; trareis oferta queimada a Yahweh.
(Lv 23.27)

Sabemos que nosso Senhor Yeshua, ofereceu a Si mesmo como o sacrifício para o nosso perdão.

Yeshua, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Elohim...
(Hb 10.12)

Logo, não tendo mais sacrifícios para oferecer, resta-nos apenas o mandamento de afligirmos as nossas almas.

Segundo a Bíblia, é por meio do jejum que afligimos as nossas almas.

Quanto a mim, porém, estando eles enfermos, as minhas vestes eram pano de saco; eu afligia a minha alma com jejum e em oração me reclinava sobre o peito...
(Sl 35.13)

Chorei, e castiguei com jejum a minha alma, mas até isto se me tornou em afrontas.
(Sl 69.10)

Sendo a alma a sede dos desejos, podemos também interpretar este mandamento de uma forma mais ampla como sendo para que neguemos os desejos de nossa alma que fazem oposição a vontade do Eterno.

Não é a toa que esta é uma condição fundamental para aqueles que querem seguir a Yeshua:

E [Yeshua] dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo...
(Lc 9.23)

Por meio de Yom haKipurim o Eterno nos lembra que:

E ele [Yeshua] morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
(2 Co 5.15)

A próxima Festa é:

SUKOT / TABERNÁCULOS

Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos a Yahweh, por sete dias.
(Lv 23.34)

Um dos mandamentos da Festa de Sukot é o habitar em tendas por 7 dias.

42Sete dias habitareis debaixo de tendas; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; 43para que saibam as vossas gerações que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou Yahweh, vosso Elohim.
(Lv 23.42,43)

Outra referência é Nm 8.14-17:

14E acharam escrito na Torá que Yahweh ordenara pelo ministério de Mosheh que os filhos de Israel habitassem em cabanas, na solenidade da festa, no sétimo mês. 15Assim, o publicaram e fizeram passar pregão por todas as suas cidades e em Jerusalém, dizendo: Saí ao monte e trazei ramos de oliveira, e ramos de zambujeiros, e ramos de murtas, e ramos de palmeiras, e ramos de árvores espessas, para fazer cabanas, como está escrito. 16Saiu, pois, o povo, e de tudo trouxeram e fizeram para si cabanas, cada um no seu terraço, e nos seus pátios, e nos átrios da Casa de Elohim, e na praça da Porta das Águas, e na praça da Porta de Efraim. 17E toda a congregação dos que voltaram do cativeiro fez cabanas e habitou nas cabanas; porque nunca fizeram assim os filhos de Israel, desde os dias de Yehoshua, filho de Num, até àquele dia; e houve mui grande alegria.

O Eterno determinou que Seu povo habitasse em tendas por 7 dias para lembrá-lo sobre o tempo de sua peregrinação no deserto. Tal momento na vida de Israel é cheio de simbolismos para nós, os discípulos o Messias Yeshua.

Sukot nos faz lembrar:

1 – Que habitamos no deserto [o mundo, no sentido físico].
2 – Que somos apenas viajantes e peregrinos neste mundo.
3 – Que, assim como o Eterno habitava com Israel no deserto, na nuvem e na coluna de fogo, ainda hoje Ele habita com Seu povo.

Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles.
(Mt 18.20)

E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.
(Mt 28.20)

Estes são apenas alguns exemplos de como as Festas Bíblicas estão relacionadas com a obra do Messias Yeshua em nossas vidas.

Nem todas as Festas foram abordas neste breve artigo, uma vez que não era minha intensão fazer um estudo detalhado sobre o tema, muito menos esgotar o assunto.

Ao me propor a escrever sobre as Festas meu objetivo maior foi tentar, de alguma forma, exaltar o Nome do nosso Elohim, que começou tão boa obra em nossas vidas por meio de Sua Destra Yeshua, o Messias.

Em meio a tantas coisas deste mundo que nos distraem, que nos fazem esquecer do nosso Pai a maior parte do dia, a observância das Festas – além de ser um mandamento em vigor – nos proporciona uma grande oportunidade de lembrarmos o quanto Ele fez, tem feito e ainda fará por nós.

E Ele, pois, a glória eternamente. Amen!

Chag Sameach (Boas Festas)!

Yossef ben Yossef
(Lauro Franco)


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

MAIS 10 RAZÕES PORQUE CREIO QUE YESHUA É YHVH

Este artigo é uma continuação do artigo “10 RAZÕES PORQUE CREIO QUE YESHUA É YHVH”.

Se você, leitor(a) ainda não leu o artigo anterior, peço que interrompa por um pouco esta leitura e dê uma lida nele.
 
Como fiz anteriormente, irei apresentar alguns textos, seguidos ou não de comentários.

(As traduções abaixo não são do grego, mas de originais semitas, dentre eles a Peshitta aramaica*)

1.
Pois hoje vos nasceu o Redentor, que é o Senhor Yah, o Messias, na cidade de David.
(Lc 2.11)

Veja que Lucas se referiu ao Messias como sendo o próprio Senhor Yah. Como todos devem saber, Yah é a forma contraída do Tetragrama YHVH [Yahweh]. Daí a expressão Halelu Yah = Louvado seja Yah.

O texto não deixa dúvidas que Yeshua é YHVH.

2.
...ao invés disso, consagrai em vossos corações ao Senhor Yah, o Messias. E estai prontos a responder no espírito a todo o que questionar a razão da esperança da vossa fé, em humildade e em seriedade...
 (1 Pe 3.15)

Mesmo argumento acima.

3.
Kefá [Pedro] então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja imergido em nome de YHVH Yeshua para remissão de seus pecados; a fim de receber o dom da Ruach HaKodesh [Espírito Santo].
(At 2.38)

4.
A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Yeshua, o Messias. Ele é
YHVH sobre todos.
(At 10.36)

5.
Porque foi para isto mesmo que o Messias morreu e tornou a viver, para ser YHVH tanto de mortos como de vivos.
(Rm 14.9)

6.
Eu sei, e estou certo em YHVH Yeshua que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que assim o considera; para esse é imundo.
(Rm 14.14)

7.
Portanto vos quero fazer compreender que ninguém, falando pela Ruach Elohim, diz: Yeshua é amaldiçoado! E ninguém pode dizer: Yeshua é YHVH! Senão pela Ruach HaKodesh.
(1 Co 12:3)

8.
...para que ao nome de Yeshua se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Yeshua, o Messias, é YHVH, para glória de Seu Pai Elohim.
(Fp 2.10-11)

9.
Sabendo que do Senhor recebereis como recompensa pela herança; pois vós servis a YHVH, o Messias.
 (Cl 3.24)

10.
Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amen; vem, YHVH Yeshua.
(Ap 22.20)

Pelos textos acima podemos concluir que o Messias Yeshua é uma manifestação do próprio YHVH.

Que YHVH Yeshua a todos abençoe!

Yossef ben Yossef
(Lauro Franco)

Nota:
* Pra quem se interessa pelos idiomas semitas, principalmente o aramaico, eu recomento os seguintes sites: