sábado, 25 de outubro de 2014

PEREGRINOS E FORASTEIROS (Uma breve meditação sobre a nossa condição de estrangeiros nesta terra)

Este artigo tem por objetivo ressaltar a Verdade de que estamos de passagem por este mundo, que não temos pátria aqui, que este não é o nosso lar, que aqui nesta terra somos apenas forasteiros e peregrinos, conforme a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] nos ensinou por meio de Kefa [Pedro]:

Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma...
(Kefa Alef/1 Pedro 2.11)

Para cumprirmos o nosso objetivo começaremos entendendo como nos tornamos estrangeiros nesta terra e faremos isso olhando para o Messias Yeshua [Cristo Jesus], o Autor e Consumador de nossa fé, pois toda a Verdade tem início nEle.

Sabemos, por meio das Escrituras, que antes de crermos no Senhor Yeshua todos nós éramos cidadãos deste mundo, onde o Adversário é o príncipe e “deus”. Todos nós éramos súditos deste reino.

Para nos salvar, nosso Senhor teve que entrar nesse domínio, por meio de seu nascimento em semelhança de nossa carne pecaminosa.

Depois de viver uma vida imaculada Ele foi voluntariamente para o madeiro, onde levou sobre Si as nossas iniquidades.

Foi por meio de Sua morte que Ele deixou este domínio do Adversário e, por meio da Sua ressurreição, Ele retornou ao Reino de Elohim.

Nos demais artigos deste Blog (principalmente o artigo “NO MESSIAS”) tenho me esforçado para explicar os aspectos de nossa união com o Senhor em Sua morte e em Sua ressurreição, bem como a grande libertação que obtemos em decorrência destes fatos. É fundamental entendermos e conhecermos a verdade que não só o Senhor Yeshua deixou este reino por meio de Sua morte, mas nós também, pois todos nós, os que cremos, fomos unidos ao Senhor em Sua morte.

3Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados no Messias Yeshua fomos batizados na sua morte? 4Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como o Messias foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. 5Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição...
(Ruhomayah/Romanos 6.3-5)

Sendo a morte a única porta de saída deste mundo, nosso Senhor teve que passar por ela, porém, ao contrário daqueles que morrem em pecado, Ele não foi por ela retido (Maassei Shelichim/Atos dos Apóstolos 2.24).

É por causa do rompimento do Senhor com este mundo por meio de Sua morte e o nosso entendimento de que fomos e estamos unidos a Ele, não só em Sua morte, mas também em Sua ressurreição (Ruhomayah/Romanos 6.5), que temos base para nos considerarmos forasteiros e peregrinos neste mundo.

É por meio desta base também que Sha'ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], pôde afirmar que o mundo estava executado para ele e ele para o mundo (Galutyah/Gálatas 6.14).

Mas antes de termos em nós esta experiência de nos vermos como forasteiros e peregrinos, temos que olhar para Yeshua, o Senhor, e vermos como Ele rompeu com este domínio de pecado. Daí, por meio da fé nEle e no que Ele fez, oferecemos a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] a matéria prima para que Ela [Ele] nos proporcione a experiência.

Confesso que tenho orado muito ultimamente para ter esta experiência de uma consciência prática e até mesmo constante de que este mundo não é o meu lar, que não tenho pátria aqui e que estou caminhando para o meu verdadeiro destino, o meu verdadeiro lar.

Isto porque tenho aspirado por uma pátria superior, que é celestial (Ivrim/Hebreus 11.16) e não quero ter nenhum tipo de laço neste mundo que me impeça de usufruir plenamente da Vida abundante que o Senhor preparou para mim [para nós].

E não vejo melhor remédio para nos libertarmos deste mundo, dos seus prazeres e de suas preocupações, do que uma visão clara e constante de que estamos apenas de passagem por aqui.

Para tanto, não podemos ficar apenas com o nosso entendimento intelectual sobre o assunto. O intelecto é bom, mas não é suficiente para nos dar uma experiência de libertação deste mundo. Temos que pedir insistentemente e clamarmos para que o Senhor, por meio de Sua Ruach [Espírito], nos guie a toda a Verdade. Que Ele nos faça “conhecer” a Verdade que, por meio de nossa união ao Senhor em Sua morte, fomos libertados deste mundo (Colossayah/Colossenses 1.13).

E conhecimento (daat, no hebraico) significa “conhecimento prático, saber por experiência, perceber e ver”.

Só temos conhecimento/daat quando a “ficha cai” e a Verdade fica tão clara para nós que podemos até mesmo dizer que a estamos vendo.

Temos que pedir, buscar, bater (Matitiyahu/Mateus 7.7), sem esmorecer, de forma insistente e até mesmo importuna (Lucas 18.1-5), até que o Senhor atenda as nossas súplicas por conhecimento da Verdade.

Apenas para a vossa edificação contarei uma experiência que tive recentemente e que me marcou profundamente:

Eu havia terminado de orar ao Eterno pela manhã e tinha, como das outras vezes, entre tantos motivos de oração, suplicado para que Ele me conduzisse a uma experiência de total desapego a este mundo. Ao entrar em casa fui preparar o café da manhã de minha filha e, neste processo, o Eterno me conduziu a um pensamento muito forte sobre minha [nossa] relação com este mundo. Enquanto preparava o café de minha filha eu me vi como se fosse um turista e estivesse num hotel, numa localidade qualquer. Se você já viajou e ficou em algum hotel ou na casa de algum parente ou amigo, conhece muito bem a sensação de estar num local que não é o seu. Você está ali, naquele hotel, naquela casa, sai pra passear, olha a paisagem, se diverte, mas sabe, no íntimo, que você não pertence a aquele lugar. Você está naquela localidade, mas não se envolve com ela, porque sabe que está apenas de passagem por lá. As coisas que lá acontecem só dizem respeito aos seus cidadãos e não a você, que não é de lá. Independente dos dias em que ali estará você sabe que, em breve, a diária ou a visita vai se encerrar e você terá que partir... para o seu verdadeiro lar.

Este pensamento foi muito forte e permaneceu comigo boa parte do dia e a sua marca permanece até hoje, e tenho tentado trazê-lo a memória sempre que posso, a fim de praticar a Verdade de que sou forasteiro e peregrino nesta terra.

Meus irmãos, minhas irmãs, muitos de nós não temos percebido, mas, além da carne e do Adversário, o mundo é também o nosso inimigo. O mundo é a forma mais dissimulada de ataque do Adversário contra o Corpo do Messias e é uma de suas maiores armas. Tanto que o Senhor Yeshua e os emissários nos alertaram para tomarmos cuidado com ele (Lucas 21.34; Yaaqov/Tiago 4.4; Yochanan Alef/1 João 2.15).

E a melhor forma de lidarmos com o mundo é conhecermos a Verdade de que não só não pertencemos mais a ele, mas estamos aqui apenas de passagem.

Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Yeshua, o Messias...
(Filipissayah/Filipenses 3.20)

Diante do exposto, creio que a nossa única alternativa é nos prepararmos, nos purificando, conforme nos orientou a Ruach HaKodesh, por meio de Yochanan, o emissário [João, o apóstolo]:

2Amados, agora, somos filhos de Elohim, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. 3E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.
(Yochanan Alef/1 João 3.2,3)

Que o Eterno, por meio de Sua Ruach, nos conduza a toda a Verdade.

Yossef Franco

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

SE ALGUÉM QUER VIR APÓS MIM... (Meditações sobre o Madeiro, do Senhor e o nosso)

Por meio deste artigo quero te convidar a meditarmos um pouco sobre a questão do levar o madeiro, que é uma das condições fundamentais que nosso Senhor Yeshua, o Messias [Jesus, o Cristo], estabeleceu para todos os que querem segui-lO.

Vejamos o texto de Lucas 9.23:

Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome o seu madeiro e siga-me.

Antes de começarmos a meditar sobre o madeiro, vamos tentar entender o que o Senhor quis dizer com “a si mesmo se negue”. Para tanto vamos ler a mesma passagem de Lucas 9.23 nas Boas Novas [no Evangelho] de Matitiyahu [Mateus] e Marcus [Marcos] a fim de verificarmos o seu contexto:

21Desde esse tempo, começou Yeshua, o Messias, a mostrar a seus discípulos que lhe era necessário seguir para Yerushalayim e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no terceiro dia.
22E Kefa, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá.
23Mas Yeshua, voltando-se, disse a Kefa: Arreda, Satan! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Elohim, e sim das dos homens.
(Matitiyahu/Mateus 16.21-23)

O texto de Lucas não possui os versos 22 e 23 de Matitiyahu, mas podemos com toda a certeza afirmar que este é contexto, que também está presente em Marcus 8.32,33.

Desta forma podemos entender o que o nosso Mestre quis dizer com a si mesmo se negue”. Segundo o próprio Senhor, o problema de Kefa é que ele não pensava nas coisas que são de Elohim e sim nas que são dos homens. Ou seja, Kefa estava colocando a vontade humana, a sua própria vontade, sobre a vontade de Elohim. Ele não queria que o Senhor Yeshua morresse, porém não entendia que se Ele não morresse não haveria salvação para a humanidade.

Nosso Senhor Yeshua veio exatamente para morrer em lugar do pecador.

Esta era a vontade do Pai, mas não era a de Kefa. Então nosso Senhor disse a todos: Se vocês querem me seguir, se querem andar comigo, a primeira coisa que devem fazer é renunciar a tudo em vocês que não estiver de acordo com a vontade de Elohim. Vocês terão que abrir mão da própria vontade, negando-a, se ela não estiver de acordo com a vontade do Pai.

Esta também era a atitude mantida pelo Senhor quando esteve aqui na terra:

Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.
(Yochanan/João 6.38)

Este é princípio, o alicerce para o que virá depois, ou seja, o madeiro.

Ao contrário do que muitos pensam, o madeiro não está presente apenas nas Boas Novas. Pra entendermos de fato a importância que nosso Senhor deu ao madeiro, temos que ler, principalmente, o que Sha'ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], escreveu em suas cartas. Segundo o que o emissário escreveu em Ruhomayah/Romanos 6, todos os que creem no Senhor Yeshua foram unidos a Ele em Sua morte no madeiro.

Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados no Messias Yeshua [em Cristo Jesus] fomos batizados na sua morte?
(Ruhomayah/Romanos 6.3)

A palavra batismo no texto é sinônimo de “união” e não se refere ao batismo com água.

Segundo Ruhomayah 6 não foi somente o Messias Yeshua que foi executado no madeiro, mas todos nós que cremos nEle.

Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo...
(Ruhomayah/Romanos 6.4)

Em geral, nós só lembramos do madeiro quando recordamos que foi lá, na carne de nosso Senhor, que os nossos pecados foram perdoados, não é mesmo?

Mas quando nosso Senhor nos manda levar a cada dia o nosso madeiro (que na verdade é o madeiro dEle, que tomamos para nós), Ele está nos conduzindo a uma experiência que vai muito além do perdão, da libertação da culpa dos pecados: A libertação do poder do pecado.

...6sabendo isto: que foi executado no madeiro com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; 7porquanto quem morreu está justificado [liberto] do pecado.
(Ruhomayah/Romanos 6.6.7)

Levar o madeiro é, pois, levar esta atitude de habitar na morte do Senhor Yeshua. Daí a sua importância.

Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Elohim, em [união ao] Messias Yeshua.
(Ruhomayah/Romanos 6.11)

Logo, o segredo para a vida está na morte, na morte com o Senhor no madeiro.
Apesar desta nossa morte com o Senhor ter sido de uma vez por todas, temos que retornar para ela “dia a dia”, a fim de podermos usufruir do seu poder contra o pecado.

É nesse sentido que também Sha'ul escreveu sobre o seu testemunho de vida, em Curintayah Beit/2 Coríntios 4.10-12:

10levando sempre no corpo o morrer de Yeshua, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. 11Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Yeshua, para que também a vida de Yeshua se manifeste em nossa carne mortal. 12De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.

Ou seja, Sha'ul levava a cada dia o madeiro (o morrer de Yeshua) e, levando consigo essa atitude de morte para o pecado (Ruhomayah/Romanos 6.11), ele via/experimentava a manifestação da Vida do Senhor Yeshua em sua carne, por meio da Ruach HaKodesh [Espírito Santo].

Enquanto ele habitava na morte, a Vida era liberada para as pessoas com quem ele se relacionava (v12).

Podemos ver uma boa ilustração sobre este processo nas Palavras de nosso Senhor Yeshua, em Yochanan/João 12.24:

Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto.

Quem lê este versículo pode pensar que o Senhor fala apenas da Sua experiência de morte, mas veja a continuação do texto:

25Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.

O verso 24 é Ele indo para o madeiro, já o verso 26 é Ele convidando a todos os que O servem a segui-lO nesta morte no madeiro.

Quanto mais o grão de trigo lança suas raízes para baixo, mais a vida surge em direção ao alto.

Se lermos as cartas de Sha'ul vamos vê-lo falando sobre o madeiro em várias ocasiões, como, por exemplo:

Curintayah Beit/2 Coríntios 5.14,15:
14Pois o amor do Messias nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 15E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.

Galutyah/Gálatas 2.19:
...Estou executado no madeiro com o Messias...

Filipissayah/Filipenses 3.10:
...para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte...

Colossayah/Colossenses 3.3:
...porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com o Messias, em Elohim.

Creio que estes textos e os outros textos do artigo, bem como os argumentos apresentados, são suficientes para entendermos a necessidade de levarmos a cada dia o madeiro – a experiência de habitarmos na morte do Senhor – para a nossa libertação constante e contínua do poder do pecado, que insiste em nos fazer cativos de uma vida de rebeldia contra o Senhor e Sua vontade.

Longe de querer esgotar o assunto, este artigo tem como objetivo apenas introduzir o tema na vida de todo o talmid [discípulo] do Messias Yeshua, para que ele pondere sobre sua importância e busque cumprir a vontade do Senhor.

Você também poderá ler mais sobre o assunto, se for da sua vontade, nos outros artigos do Blog.

Minha oração é que este artigo venha a contribuir de alguma forma com o desenvolvimento de sua salvação e que você possa atender as Palavras do Mestre:

Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, 
dia a dia tome o seu madeiro e siga-me.

Que Elohim efetue em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade.


Yossef Franco

sábado, 27 de setembro de 2014

CRESCENDO

Existem algumas passagens nas Escrituras que deveriam nos encher de expectativas diante daquilo que elas prometem realizar. Uma delas é Kefa Beit/2 Pedro 1.8:

Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Yeshua, o Messias [Jesus, o Cristo].

Como talmidim [discípulos] do Senhor Yeshua, o Messias, nosso maior anseio nesta vida é viver de forma agradável a Ele, produzindo frutos que glorifiquem o Seu Nome, não é mesmo? E aqui Kefa [Pedro] está ensinando o “caminho das pedras” para alcançarmos este objetivo.

Tudo começa nos versículos anteriores, onde Kefa nos orienta a não nos contentarmos apenas com o fato de termos fé, mas que devemos suprir a nossa fé com algumas coisas que, existindo em nós e em nós aumentando, impedirá que sejamos inoperantes e improdutivos.

Antes dele listar essas coisas, essas qualidades, é importante ressaltarmos que ele deixa claro que o nosso crescimento só pode se dar por meio do conhecimento de nosso Elohim e de nosso Salvador Yeshua, o Messias. Crescemos na mesma proporção que conhecemos.

O versículo 2 de Kefa Beit/2 Pedro nos diz:

...graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de Elohim e de Yeshua, nosso Senhor.

Entendemos, então, que a graça e a paz só podem abundar em nossa vida por meio de nosso conhecimento do Eterno.

Isso não é algo novo para nós, uma vez que o próprio Senhor Yeshua associou a vida eterna a este tipo de conhecimento.

E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Elohim verdadeiro, e a Yeshua, o Messias, a quem enviaste.
(Yochanan/João 17.3)

No versículo 3 e 4 Kefa prossegue com a ideia.

3Visto como, pelo seu poder celestial, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, 4pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza celestial, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo...

Aqui também vemos que é por meio do conhecimento do Eterno que recebemos tudo o que necessitamos para a nossa peregrinação por esta terra.

Na versão em hebraico da segunda carta de Kefa a palavra traduzida por conhecimento é “daat”, que vem da raiz “yada”, que significa “saber por experiência, perceber e ver”. Ou seja, não é mero entendimento intelectual. Certa vez eu ouvi um rabino dizer que temos daat quando a “ficha cai”. É como se a verdade ficasse tão clara para nós que pudéssemos até mesmo dizer que a estamos vendo. É ter a experiência.

É após essa introdução que Kefa passa a expor as qualidades que temos que ter, além da fé.

...5por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; 6ao conhecimento o domínio próprio; ao domínio próprio a perseverança; à perseverança a piedade; 7à piedade a fraternidade; à fraternidade o amor.
(Kefa Beit/2 Pedro 1.5-7)

As qualidades listadas por Kefa são: virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade e amor. Vejamos brevemente cada uma delas.


1. VIRTUDE

A virtude é a qualidade que deve suprir primeiramente a nossa fé.

Depois de “ralar” um pouco no grego, sem ter um bom resultado, recorri ao texto em hebraico e lá encontrei o que penso ser o real significado dessa palavra traduzida por virtude em nossas Bíblias em português. Na versão em hebraico essa palavra é “tzedaqah”, que significa “justiça, retidão”.

Essa tradução faz todo o sentido para mim, uma vez que, antes, Kefa havia dito que a fé que obtivemos foi por meio da justiça de nosso Elohim e Salvador Yeshua, o Messias (Kefa Beit/2 Pedro 1.1). Dessa forma Kefa está afirmando que não basta dizermos que temos fé, que acreditamos, mas que a justiça (a santidade de vida, a retidão) deve andar junta com essa fé, até mesmo para provar a sua veracidade.

A justiça é o fruto da árvore da fé.

Com relação a este aspecto, temos a seguinte instrução por parte de nosso Senhor:

Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.
(Matitiyahu/Mateus 5.20)

E não há justiça, não há santidade, não há retidão, sem obediência aos mandamentos do Eterno.

Então, para sermos retos, temos que estudar as Escrituras e descobrir o que o nosso Elohim requer de nós, súditos de Seu Reino.

É nossa responsabilidade suprirmos a nossa fé com justiça.


2. CONHECIMENTO

Depois que suprimos a nossa fé com a virtude [justiça], devemos suprir a virtude com o conhecimento.

Sobre o conhecimento já falamos na introdução deste artigo. Não é apenas ter um entendimento intelectual sobre o Eterno, mas conhecê-lo em nossa própria experiência no Caminho.

Veja como as coisas se conectam. Antes nós éramos escravos da corrupção das paixões que há no mundo (Kefa Beit/2 Pedro 1.4). Por meio da justiça do nosso Elohim e Salvador Yeshua, o Messias, nos obtivemos fé e nos tornamos participantes da natureza celestial (ainda Kefa Beit/2 Pedro 1.4). Daí o Eterno nos doou tudo (inclusive a Sua Ruach/o Seu Espírito) o que precisamos para vivermos de forma agradável a Ele (Kefa Beit/2 Pedro 1.3,4). O próximo passo é a formação da imagem de Yeshua em nós (Ruhomayah/Romanos 8.29 – Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos).

Este é o objetivo da nossa salvação. Não fomos salvos apenas para termos vida eterna. Não!

Nós fomos salvos com o propósito de sermos santos.

Pois esta é a vontade de Elohim: a vossa santificação... (Tessalonissayah Alef/1 Tessalonicenses 4.3)

E essa obra da santificação, de formar a imagem de Yeshua em nós, é realizada com nossa cooperação. Para tanto, não podemos ficar descansando em “berço esplêndido” enquanto esperamos o “bonde do arrebatamento” passar. Não!

E quanto mais buscamos e praticamos a justiça (a santidade, a retidão), mais temos experiência com o Eterno, ou seja, mais conhecemos o Eterno.

E o conhecimento é o ambiente mais adequado para a prática da próxima qualidade.


3. DOMÍNIO PRÓPRIO

Praticamos o domínio próprio por causa do conhecimento de nosso Elohim e Salvador Yeshua.

Creio que somente o conhecimento do amor de nosso Senhor, que sofreu e morreu por nós, pode nos constranger a negarmos as cobiças de nossa carne e dizermos NÃO ao pecado e SIM para a justiça.

14Pois o amor do Messias nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 15E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
(Curintayah Beit/2 Coríntios 5.14,15)

É nossa responsabilidade suprirmos o nosso conhecimento do Altíssimo com uma atitude de autodisciplina, de domínio próprio, diante das tribulações e tentações que surgirem no Caminho.

Se falharmos, devemos buscar o perdão e, mais ainda, o conhecimento do amor do Eterno.

Cada experiência que temos no exercício do domínio próprio proporciona o ambiente favorável para o surgimento da próxima qualidade.


4. PERSEVERANÇA

Cabe a nós, diante das vitórias, ou mesmo das derrotas, obtidas por meio do exercício do domínio próprio, supri-lo com a perseverança.

A cada vitória do domínio próprio temos a experiência relatada por parte de Sha'ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], em Ruhomayah/Romanos 5.3,4:

3E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; 4e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.

Ou seja, por meio do domínio próprio passamos pela tribulação e essa experiência de vitória nos fortalece para enfrentarmos a próxima tribulação (nos faz perseverar).

No entanto, caso sejamos derrotados, ainda assim devemos perseverar. Perseverar para não “jogarmos a toalha”, para não desistirmos, para não retrocedermos.

Devemos perseverar para continuar a caminhar, buscando mais e mais a justiça, o conhecimento do Eterno e o domínio próprio.

A próxima qualidade é um reforço e tanto para a perseverança.


5. PIEDADE

Devemos suprir a perseverança com a piedade.

A palavra do hebraico traduzida como “piedade” é “chassiydut” (pronunciasse “rrassidut”), que significa “devoção”. No caso, uma atitude de devoção ao Eterno.

Nada melhor do que a adoração ao Altíssimo para nos ajudar no Caminho. Não só em nossas devoções individuais, mas, principalmente, junto ao Corpo do Messias.

A adoração com a comunidade dos eleitos nos fortalece de uma forma toda especial. É um antegozo da experiência que teremos na eternidade, quando todos os filhos irão se reunir ao redor do trono do Pai Celestial para adorá-lO.

Cabe aqui lembrar que Kefa, ao listar estas qualidades que devemos acrescentar à nossa fé, está nos ensinando a crescer, a chegarmos à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude do Messias (Efessayah/Efésios 4.13).

Por meio de Kefa a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] está nos preparando para a eternidade.

Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias.
(Kefa Beit/2 Pedro 1.11)

Nesse ambiente de exercício da piedade encontramos um terreno muito propício para a próxima qualidade.


6. FRATERNIDADE

Fraternidade é o amor entre os irmãos da fé.

Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros.
(Ruhomayah/Romanos 12.10)

Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente...
(Kefa Alef/1 Pedro 1.22)

Ao adorarmos juntos (ao exercitarmos a piedade juntos) construímos vínculos entre nós e, aos poucos, vamos suprindo a piedade com a fraternidade. Primeiro amamos aquele irmão, depois aquele outro, depois outro, e assim por diante. Aos poucos a fraternidade, o amor entre os irmãos vai crescendo, tornando possível para nós cumprirmos o mandamento do Senhor.

O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
(Yochanan/João 15.12)

E não só nos momentos de adoração comunitária, mas o amor fraternal está conosco até mesmo no secreto de nosso quarto, em nossas orações, nos lembrando de nossos irmãos amados e fazendo com que supliquemos por cada um deles diante de nosso Pai Celestial.

Após este estágio só encontramos mais uma qualidade.


7. AMOR

Diferente da fraternidade, que visa os irmãos, aqui o amor é mais abrangente e se volta para todas as pessoas do mundo, independente de seus credos, línguas e nações.

É o maior e mais puro amor – o amor do Pai, que amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Yochanan/João 3.16).

Que faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (Matitiyahu/Mateus 5.45).

Que não quer que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento (Kefa Beit/2 Pedro 3.9).

É este o amor que move homens e mulheres a deixarem o conforto e a segurança de seus lares para ir aos mais longínquos lugares anunciar a desconhecidos que eles podem se reconciliar com o Eterno por meio de Yeshua, o Messias [Jesus, o Cristo]. Que todos os seus pecados são perdoados, por causa deste Nome. Que todo aquele que crê no Filho tem a vida eterna e ressuscitará no último dia. Que pode ir a Yeshua como está, sem medo, porque Ele nunca lança fora o que vem até Ele, pelo contrário, tal pessoa jamais perecerá e ninguém poderá arrebatá-la das Suas mãos, nem separá-la do Seu grande amor.

Tal é a força desse amor, que jamais acaba.


Bem, meus irmãos e minhas irmãs, estas são as qualidades que a Ruach HaKodesh, por meio de Kefa, nos manda acrescentar à nossa fé.

Se você leu até aqui seria oportuno perguntar a si mesmo neste instante: E agora, o que eu devo fazer?

A única resposta correta a esta pergunta você sabe qual é, não é mesmo?

De minha parte, antes de encerrar este artigo, devo externar que me sinto grandemente culpado com a situação atual do mundo. Sim, porque se o mundo quer permanecer nas trevas é porque a luz que há em mim não está brilhando o suficiente.

Se eu cooperasse mais com o Eterno, se pecasse menos, se obedecesse mais, se praticasse com mais fervor o que escrevi acima, com toda a certeza o mundo seria um lugar melhor.

Onde eu estivesse as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz estariam sendo proclamadas, rios de água viva fluiriam do meu interior para matar a sede dos sedentos, as trevas seriam dissipadas e o Reino dos Céus se faria presente.

Que o Eterno me perdoe por isso.

Se você também se sente assim, convido-o a, comigo, fazer o que Sha'ul escreveu, em Filipissyah/Felipenses 3.13,14, e Kefa, em Kefa Beit/2 Pedro 1.11:

13...esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Elohim no Messias Yeshua.

11Pois desta maneira é que vos será amplamente suprida a entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias.

Amados,

Conheçamos e prossigamos em conhecer a Yahweh; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.
(Hoshea/Oséias 6.3)

Que o Eterno os abençoe e os guarde.


Yossef ben Yossef


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

NO MESSIAS [EM CRISTO]


Há alguns dias atrás, após receber algo que busquei por muitos anos, senti o desejo de encontrar uma pequena frase nas Escrituras que resumisse tudo isto que recebi da parte do Pai, para que, por meio dela, eu pudesse me lembrar a cada instante, em minha peregrinação por esta terra, neste Caminho, de todo o bem que me foi feito. Demorou apenas alguns segundos para que a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] viesse em meu socorro, não só me concedendo a frase desejada, como também fazendo aquilo que Ela [Ele] mais gosta de fazer: Glorificar o Messias Yeshua [Cristo Jesus] (Yochanan/João 16.14). A frase que a Ruach me deu foi:

NO MESSIAS [EM CRISTO]

Creio que todos os talmidim [discípulos] do Senhor Yeshua sabem que esta expressão – “no Messias/em Cristo” – significa “em união ao Messias/Cristo”, na maioria das vezes em que ela aparece nas Escrituras.

O que poucos sabem (ou se sabem, sabem apenas de forma superficial) é que:

1. TODOS os que cremos em Yeshua, o Messias, fomos unidos a Ele.
2. Esta é a verdade mais libertadora de toda a Escritura.

(Se você é daqueles que já teve seus pecados perdoados por meio do sangue do Cordeiro, mas sofre por causa do pecado na sua carne e tem buscado libertação de seu poder, este artigo irá interessá-lo).

Vamos começar a nossa meditação bem no início... no Messias/em Cristo...

Biblicamente falando existem apenas 2 Reinos em toda a terra:

1. O Reino das Trevas.
2. O Reino de Elohim.

Habitam e fazem parte do Reino das Trevas todos aqueles que nascem naturalmente neste mundo. Quem governa este Reino é o Adversário (Yochanan Alef/1 João 5.19).

Habitam e fazem parte do Reino de Elohim todos aqueles que, pela fé em Yeshua, o Messias, nasceram de novo (Yochanan/João 3.3).

Todos nós, talmidim do Senhor Yeshua, pertencíamos ao primeiro reino, o Reino das Trevas, que é um domínio do pecado e da morte, e estávamos unidos, por nascimento, ao representante deste reino: Adam (Adão). Pois o pecado e a morte entraram no mundo por meio de Adam (Ruhomayah/Romanos 5.12).

Neste reino de trevas todos os habitantes estão condenados a morte. Nele, a Torá/Lei confere direito legal ao pecado (a transgressão da Lei/Torá – Yochanan Alef/1 João 3.4) para condenar à morte todos os seus habitantes que a transgride. Sim, porque o aguilhão da morte (o instrumento que mata) é o pecado, e a força do pecado (aquilo que o confere direito para ser um instrumento de morte) é a Torá/Lei” (Curintayah Alef/1 Coríntios 15.56).

É por meio da Torá/Lei que as pessoas deste reino são justificadas ou condenadas (Matitiyahu/Mateus 19.16,17).

Sabendo isso o pecado se utiliza de algo bom (a Torá – Ruhomayah/Romanos 7.13,14) para justificar a condenação de todos os pecadores a morte, como também está escrito em Yechezeqel/Ezequiel 18.4: ...a alma que pecar, essa morrerá.

Todos nós estávamos neste reino, debaixo da Lei, do pecado e da morte, quando nosso Senhor veio para nos salvar. Para isto Ele, que é o El Elyon [Poderoso Altíssimo], teve que deixar Sua glória, Se esvaziar e entrar nesse domínio, nascendo em semelhança de nossa carne pecaminosa, sob a Lei e sujeito ao pecado e a morte.

Sabemos pelas Escrituras que Ele viveu aqui nesta terra de forma impecável e santa, sem pecar, seja por pensamentos, palavras e ações, seja por omissão ou por comissão.

Tendo Se oferecido para morrer em favor dos pecadores (todos nós), Ele levou sobre Si, no madeiro, as iniquidades de nós todos.

E assim Ele sofreu, morreu e foi sepultado, como nos ensina as Escrituras.

Mas, por conta de Sua vida perfeita e Sua justiça, não foi possível para a morte retê-lO (Maassei Shelichim/Atos dos Apóstolos 2.24), e Ele ressuscitou dos mortos.

Em Sua condição de ressurreto Ele não pode mais morrer; a morte já não tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Elohim (Ruhomayah 6.9,10).

Por meio de Sua morte Ele rompeu definitivamente com o domínio do pecado e da morte, onde viveu temporariamente e sob o qual entrou voluntariamente para nos salvar.

...porquanto quem morreu está liberto [justificado] do pecado.
(Ruhomayah/Romanos 6.7)

Ou seja, quem morreu não pode mais pecar. Quem morreu não está mais sujeito ao poder do pecado. Quem morreu deixou o reino do pecado.

A morte é a única porta de saída deste mundo.*

Ao ser ressuscitado pelo grande poder de Elohim, o Mashiach [Messias, Cristo] foi elevado aos céus, acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente século, mas também no vindouro (Efessayah/Efésios 1.20,21).

Creio que todos nós, talmidim, sabemos destes fatos, não é?

Mas o que tudo isso tem a ver com a nossa libertação do poder do pecado?

TEM TUDO A VER!

Porque as Escrituras ensinam que nós, talmidim, fomos unidos a Ele no início desse processo de transferência de domínio, de reino, que é a Sua morte.

Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados no Messias Yeshua [em Cristo Jesus] fomos batizados na sua morte?
(Ruhomayah/Romanos 6.3)

A palavra batismo aqui não se refere ao batismo com água, que é apenas simbólico e não realiza todas as coisas que Sha'ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], nos ensina que este batismo realiza.

Aqui a palavra batismo aponta para a nossa união com o Messias [no Messias/em Cristo] (ver o versículo 5, onde o emissário nos informa que fomos unidos, plantados, com Ele).

É importantíssimo sabermos e crermos que, por conta desta união [no Messias/em Cristo] tudo o que aconteceu fisicamente ao nosso Senhor Yeshua também aconteceu conosco, espiritualmente. Já aconteceu. O verbo está no passado.

Leia Ruhomayah/Romanos 6 e verão que a questão não é meramente alegórica, mas sim a verdade sobre o Messias e nós, que temos que conhecer e crer.

A Palavra da Verdade nos diz que Ele (o Senhor Yeshua) foi executado no madeiro [crucificado], e nós também fomos (v6 – foi executado no madeiro com ele o nosso velho homem).

Quem é o nosso velho homem? Era quem nós éramos em união a Adam, nascidos sob a lei e pertencentes ao domínio do pecado e da morte.

Este velho EU morreu com o Mashiach Yeshua e foi com Ele sepultado (v4).

ISTO JÁ ACONTECEU A TODOS NÓS, QUE CREMOS!

Em nenhum momento as Escrituras nos ordenam a executar no madeiro [crucificar] o velho homem, pois isto já foi feito de uma vez por todas, por meio do Messias [em Cristo/no Messias].

E por que tivemos que ser executados no madeiro com o Messias? ...para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos... (Ruhomayah/Romanos 6.6)

Entendam que eu NÃO estou afirmando que estamos sem pecados ou que somos incapazes de pecar. Não! Segundo Ruhomayah 6.6 o pecado ainda permanece em nós, em nosso corpo. O corpo do pecado deve ser entendido como o nosso corpo sendo utilizado como instrumento pelo pecado, para sua manifestação.

Com a nossa união ao Messias em Sua morte nós saímos da esfera, do domínio do pecado, e não somos mais seus escravos.

Aqui abro um parêntese para explicar de forma breve algumas questões sobre a nossa constituição.

As Escrituras fazem distinção entre “nós” e “nosso corpo” (Ruhomayah/Romanos 6.12,13; 7.17). Nós somos uma alma e temos um espírito e um corpo (Tessalonissayah Alef/1 Tessalonicenses 5.23).

Por meio do espírito nos conectamos com a esfera espiritual.

Por meio do corpo nos conectamos com este mundo físico.

(Por motivo de brevidade não tratarei a fundo desta questão neste artigo).

Nosso espírito e nossa alma já foram grandemente beneficiados por nossa união com o Senhor [no Messias/em Cristo], mas nosso corpo ainda aguarda a sua redenção (Ruhomayah/Romanos 8.23). Não que o corpo seja algo ruim, mau, mas é por meio dele que o pecado ainda exerce sua influência em nós.

Prosseguindo, a nossa união ao Messias [no Messias/em Cristo] não é somente em Sua morte, mas também em Sua ressurreição.

Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição...
(Ruhomayah 6.5)

Por meio da nossa união ao Messias [no Messias/em Cristo] em Sua morte e ressurreição, deixamos o domínio da morte e do pecado e entramos no Reino de Elohim.

Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor...
(Colossayah/Colossenses 1.13)

Agora já não estamos mais debaixo da Lei, no sentido de que a Lei não pode mais exercer juízo condenatório sobre nós (sobre a minha posição quanto a observância da Torá/Lei pelos talmidim basta ler os outros artigos deste blog), mas estamos debaixo do favor, da graça de Elohim, num domínio onde todas as coisas cooperam para o nosso bem, onde nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade e onde somos abençoados com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais no Messias [em Cristo] (Ruhomayah 8.28; Kefa Beit/2 Pedro 1.3; Efessayah/Efésios 1.3).

Ainda algo extraordinário que devemos saber e crer é que, neste novo Reino, há um grande poder operando em nós, em nosso favor.

É este grande poder que nos capacita a não cairmos em tentação.

Sha'ul, o emissário, orou ao Pai para que os talmidim recebessem o espírito de sabedoria e de revelação a fim de que eles tivessem pleno conhecimento dEle, para saberem qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele no Messias [em Cristo], ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais... (Efessayah 1.19,20)

Ou seja, está operando em nós o mesmo grande e glorioso poder que o Pai operou para ressuscitar o Messias.

Sendo assim, por que então nós ainda pecamos tão facilmente?

Para responder a esta pergunta vou recorrer a uma ilustração que aprendi com o santo servo de Elohim, David Martyn Lloyd-Jones, de abençoada memória:

Os 2 reinos – das Trevas e de Elohim – são como 2 campos separados por uma estrada. Nós saímos do campo da esquerda – das Trevas – e fomos transportados para o campo da direita – de Elohim. Apesar de estarmos em um outro campo e o nosso antigo dono não poder mais nos tocar, ele ainda fica gritando coisas para nós, e muitos de nós ainda ouvem e acreditam nele.

Também pecamos por que:

1. Não conhecemos (conhecíamos) esta verdade.
2. Tendo conhecido a verdade, queremos experimentá-la antes de crer nela (É a fé que concretiza em nós a verdade).
3. O pecado ainda habita em nosso corpo e vai continuar habitando enquanto estivermos nesta terra.

Diante do exposto, devemos obedecer a exortação de Sha'ul, e emissário:

...considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Elohim, no Messias Yeshua [em Cristo Jesus].
(Ruhomayah/Romanos 6.11)

A ainda:

12Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; 13nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Elohim, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Elohim, como instrumentos de justiça. 14Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.
(Ruhomayah/Romanos 6.12-14)

Devemos crer na Palavra, meus irmãos, minhas irmãs. Devemos crer na verdade. Somente depois da fé é que teremos a experiência. Não olhe primeiro para si mesmo para ver se tais verdades estão presentes em sua vida. Primeiro devemos olhar para o Mashiach Yeshua e vermos tudo o que Ele fez e o que aconteceu com Ele. Depois temos que entender e crer que, por termos sido batizados (unidos) nEle, tudo o que aconteceu com Ele também aconteceu conosco.

A mesma fé que tivemos em relação ao perdão de nossos pecados devemos ter sobre a nossa libertação do domínio do pecado.

Nós não vimos o Senhor sendo executado no madeiro, não vimos os nossos pecados sendo levados por Ele em Sua carne, não vimos a Sua ressurreição, mas cremos em tudo isso porque a Palavra assim nos ensina. E, uma vez crendo, o Espírito Santo aplica a verdade em nossas vidas e assim experimentamos a paz do perdão e da reconciliação com o Pai.

Como Watchman Nee, de abençoada memória, bem ilustrou uma vez: Se você colocar uma nota dentro de um livro e queimar este livro, o que acontece com a nota? E se este livro fosse trazido novamente a existência, o que seria da nota?

Assim também é conosco.

Para tanto é necessário conhecer a verdade e crer nela. Somente assim somos libertos.

E não só do pecado, mas também da morte. Sim, meus amados, minhas amadas.

Quando conheci esta verdade tive um pensamento bem interessante sobre a questão da nossa morte. Lembrei de uma cena – não sei se presencie pessoalmente ou se vi num filme – onde havia uma grande fila para entrar em um determinado ambiente. Na entrada deste ambiente havia alguém que identificava as pessoas que iam entrar e, depois de identificadas, ele abria a passagem para elas. Em determinado momento chega alguém que não estava na fila e que se dirige diretamente a aquela pessoa que está na entrada do ambiente, lhe apresentando uma credencial. Rapidamente a passagem é aberta para esse alguém e ele entra no ambiente, mas vai para um outro recinto, tipo uma sala vip, onde as outras pessoas não tem acesso.

Assim também será conosco, os que cremos no Salvador Yeshua, o Messias, nosso Senhor. Entraremos na morte apenas de passagem porque, assim como a morte não pode reter o nosso Senhor, também não poderá nos deter, uma vez que estamos unidos a Ele. Ou seja, estamos em Cristo, estamos no Messias.

Assim, podemos dizer:

Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
(Curintayah Alef/1 Coríntios 15.55)

Bendito seja o nosso Elohim e Pai por ter nos amado tanto que nos deu o Seu Filho unigênito, o Messias Yeshua, para crermos nEle e sermos por Ele salvos.

Bendito seja o nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias, El Elyon, que nos amou e por nós se sacrificou, nos concedendo salvação eterna.

Bendito seja a Ruach Elohim [o Espírito Santo] que nos batizou no Messias Yeshua, nos unindo a Ele para recebermos tão grande salvação.

Ao nosso Elohim, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.

A todos os meus queridos, amados e preciosos irmãos,
A todas as minhas queridas, amadas e preciosas irmãs,

em Cristo/
no Messias,

Yossef Franco

* Chanokh [Enoque] e Eliyahu [Elias] são exceções e não a regra.