sábado, 25 de outubro de 2014

PEREGRINOS E FORASTEIROS (Uma breve meditação sobre a nossa condição de estrangeiros nesta terra)

Este artigo tem por objetivo ressaltar a Verdade de que estamos de passagem por este mundo, que não temos pátria aqui, que este não é o nosso lar, que aqui nesta terra somos apenas forasteiros e peregrinos, conforme a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] nos ensinou por meio de Kefa [Pedro]:

Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma...
(Kefa Alef/1 Pedro 2.11)

Para cumprirmos o nosso objetivo começaremos entendendo como nos tornamos estrangeiros nesta terra e faremos isso olhando para o Messias Yeshua [Cristo Jesus], o Autor e Consumador de nossa fé, pois toda a Verdade tem início nEle.

Sabemos, por meio das Escrituras, que antes de crermos no Senhor Yeshua todos nós éramos cidadãos deste mundo, onde o Adversário é o príncipe e “deus”. Todos nós éramos súditos deste reino.

Para nos salvar, nosso Senhor teve que entrar nesse domínio, por meio de seu nascimento em semelhança de nossa carne pecaminosa.

Depois de viver uma vida imaculada Ele foi voluntariamente para o madeiro, onde levou sobre Si as nossas iniquidades.

Foi por meio de Sua morte que Ele deixou este domínio do Adversário e, por meio da Sua ressurreição, Ele retornou ao Reino de Elohim.

Nos demais artigos deste Blog (principalmente o artigo “NO MESSIAS”) tenho me esforçado para explicar os aspectos de nossa união com o Senhor em Sua morte e em Sua ressurreição, bem como a grande libertação que obtemos em decorrência destes fatos. É fundamental entendermos e conhecermos a verdade que não só o Senhor Yeshua deixou este reino por meio de Sua morte, mas nós também, pois todos nós, os que cremos, fomos unidos ao Senhor em Sua morte.

3Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados no Messias Yeshua fomos batizados na sua morte? 4Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como o Messias foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. 5Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição...
(Ruhomayah/Romanos 6.3-5)

Sendo a morte a única porta de saída deste mundo, nosso Senhor teve que passar por ela, porém, ao contrário daqueles que morrem em pecado, Ele não foi por ela retido (Maassei Shelichim/Atos dos Apóstolos 2.24).

É por causa do rompimento do Senhor com este mundo por meio de Sua morte e o nosso entendimento de que fomos e estamos unidos a Ele, não só em Sua morte, mas também em Sua ressurreição (Ruhomayah/Romanos 6.5), que temos base para nos considerarmos forasteiros e peregrinos neste mundo.

É por meio desta base também que Sha'ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], pôde afirmar que o mundo estava executado para ele e ele para o mundo (Galutyah/Gálatas 6.14).

Mas antes de termos em nós esta experiência de nos vermos como forasteiros e peregrinos, temos que olhar para Yeshua, o Senhor, e vermos como Ele rompeu com este domínio de pecado. Daí, por meio da fé nEle e no que Ele fez, oferecemos a Ruach HaKodesh [o Espírito Santo] a matéria prima para que Ela [Ele] nos proporcione a experiência.

Confesso que tenho orado muito ultimamente para ter esta experiência de uma consciência prática e até mesmo constante de que este mundo não é o meu lar, que não tenho pátria aqui e que estou caminhando para o meu verdadeiro destino, o meu verdadeiro lar.

Isto porque tenho aspirado por uma pátria superior, que é celestial (Ivrim/Hebreus 11.16) e não quero ter nenhum tipo de laço neste mundo que me impeça de usufruir plenamente da Vida abundante que o Senhor preparou para mim [para nós].

E não vejo melhor remédio para nos libertarmos deste mundo, dos seus prazeres e de suas preocupações, do que uma visão clara e constante de que estamos apenas de passagem por aqui.

Para tanto, não podemos ficar apenas com o nosso entendimento intelectual sobre o assunto. O intelecto é bom, mas não é suficiente para nos dar uma experiência de libertação deste mundo. Temos que pedir insistentemente e clamarmos para que o Senhor, por meio de Sua Ruach [Espírito], nos guie a toda a Verdade. Que Ele nos faça “conhecer” a Verdade que, por meio de nossa união ao Senhor em Sua morte, fomos libertados deste mundo (Colossayah/Colossenses 1.13).

E conhecimento (daat, no hebraico) significa “conhecimento prático, saber por experiência, perceber e ver”.

Só temos conhecimento/daat quando a “ficha cai” e a Verdade fica tão clara para nós que podemos até mesmo dizer que a estamos vendo.

Temos que pedir, buscar, bater (Matitiyahu/Mateus 7.7), sem esmorecer, de forma insistente e até mesmo importuna (Lucas 18.1-5), até que o Senhor atenda as nossas súplicas por conhecimento da Verdade.

Apenas para a vossa edificação contarei uma experiência que tive recentemente e que me marcou profundamente:

Eu havia terminado de orar ao Eterno pela manhã e tinha, como das outras vezes, entre tantos motivos de oração, suplicado para que Ele me conduzisse a uma experiência de total desapego a este mundo. Ao entrar em casa fui preparar o café da manhã de minha filha e, neste processo, o Eterno me conduziu a um pensamento muito forte sobre minha [nossa] relação com este mundo. Enquanto preparava o café de minha filha eu me vi como se fosse um turista e estivesse num hotel, numa localidade qualquer. Se você já viajou e ficou em algum hotel ou na casa de algum parente ou amigo, conhece muito bem a sensação de estar num local que não é o seu. Você está ali, naquele hotel, naquela casa, sai pra passear, olha a paisagem, se diverte, mas sabe, no íntimo, que você não pertence a aquele lugar. Você está naquela localidade, mas não se envolve com ela, porque sabe que está apenas de passagem por lá. As coisas que lá acontecem só dizem respeito aos seus cidadãos e não a você, que não é de lá. Independente dos dias em que ali estará você sabe que, em breve, a diária ou a visita vai se encerrar e você terá que partir... para o seu verdadeiro lar.

Este pensamento foi muito forte e permaneceu comigo boa parte do dia e a sua marca permanece até hoje, e tenho tentado trazê-lo a memória sempre que posso, a fim de praticar a Verdade de que sou forasteiro e peregrino nesta terra.

Meus irmãos, minhas irmãs, muitos de nós não temos percebido, mas, além da carne e do Adversário, o mundo é também o nosso inimigo. O mundo é a forma mais dissimulada de ataque do Adversário contra o Corpo do Messias e é uma de suas maiores armas. Tanto que o Senhor Yeshua e os emissários nos alertaram para tomarmos cuidado com ele (Lucas 21.34; Yaaqov/Tiago 4.4; Yochanan Alef/1 João 2.15).

E a melhor forma de lidarmos com o mundo é conhecermos a Verdade de que não só não pertencemos mais a ele, mas estamos aqui apenas de passagem.

Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Yeshua, o Messias...
(Filipissayah/Filipenses 3.20)

Diante do exposto, creio que a nossa única alternativa é nos prepararmos, nos purificando, conforme nos orientou a Ruach HaKodesh, por meio de Yochanan, o emissário [João, o apóstolo]:

2Amados, agora, somos filhos de Elohim, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. 3E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.
(Yochanan Alef/1 João 3.2,3)

Que o Eterno, por meio de Sua Ruach, nos conduza a toda a Verdade.

Yossef Franco

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