sábado, 27 de abril de 2013

O MAIOR PERIGO NO CAMINHO DA TESHUVÁ (RETORNO/ARREPENDIMENTO)


INTRODUÇÃO

Antes de dar início ao tema proposto desta meditação quero explicar o que significa a palavra “teshuvá”, bem como definir o seu uso neste artigo.

Comumente traduzida por “arrependimento” nas Bíblias em português, a palavra “teshuvá” vem do hebraico e significa “retorno”. No caso, retorno a Torá (Instrução/Lei). Nos movimentos judaicos e israelitas que creem que Yeshua é o Messias usamos esta palavra para identificar aquelas pessoas que já enxergaram que não há conflito entre a Torá (Instrução/Lei) do Eterno e a Chessed (Misericórdia/Graça) do Eterno e, por isso, estão buscando moldar suas vidas de acordo com os mandamentos, estatutos e juízos (mitzvah, chuqym, mishpatym) contidos na Torá, contando, para tanto, com a graça do Pai.
Com esta breve explicação, vamos ao tema de nosso artigo.

Quero iniciar já manifestando aquele que considero o maior perigo que podemos encontrar neste Caminho de Teshuvá:

O PERIGO DE NEGARMOS O MESSIAS YESHUA.

Por negar aqui, não me refiro apenas o apostatar da fé nEle (o que, lamentavelmente, tenho visto muito, ultimamente), mas também o negar a Ele o primeiro lugar em nossas vidas.
Abaixo irei listar alguns erros que podem nos conduzir a este grande perigo:

1. O FASCÍNIO PELAS “COISAS JUDAICAS”

Sobre este fascínio, Sha’ul, o emissário (apóstolo Paulo), escreveu o seguinte, para as Comunidades (Igrejas) da Galácia:

Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos olhos foi Yeshua, o Messias, exposto como executado no madeiro?
(Gl 3.1)

Quando alguém começa a fazer teshuvá e tem contato com os serviços (os cultos) nos moldes judaicos e vê toda a reverência, as pessoas usando talit/simlah (o manto de oração), kipá (uma cobertura para a cabeça), tefilim (filactérios), orando em hebraico usando um Sidur (livro de orações), fica fascinada com tudo aquilo, ainda mais em tempos de tanta aridez e irreverência que há em desertos como o do cristianismo dos séculos XX e XXI, de onde a maioria de nós saiu.

O problema não está em si no uso de tais coisas, até porque algumas delas são mandamentos bíblicos, mas sim em não entendermos que elas devem ser utilizadas como meios para se alcançar um fim, um objetivo, que é a semelhança ao Messias Yeshua.

 Porque o objetivo da Torá é o Messias...
(Rm 10.4)

Quantas pessoas nós conhecemos que abandonaram a fé no Messias Yeshua por conta do fascínio pelas “coisas judaicas”? Maior ainda, no entanto, é número daqueles que estão negando a Ele o primeiro lugar em suas vidas.

2. O ERRO DE QUERERMOS NOS SALVAR* POR NOSSA PRÓPRIA FORÇA

(*Por salvação aqui eu não me refiro ao perdão dos pecados, mas a continuação do processo iniciado pela remissão dos pecados, ou seja, a nossa libertação do poder do pecado)

Parece que as Comunidades da Galácia também estavam sofrendo tal erro, que está totalmente ligado ao erro anterior.

Sois assim insensatos que, tendo começado na Ruach, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?
(Gl 3.3)

Hoje em dia tenho a impressão de que muitos dentre nós estão crendo que podem cumprir o que a Torá determina apenas pelo fato de conhecê-la. Ou seja, não obedecíamos antes porque não conhecíamos, já que pensávamos que ela tinha sido abolida, mas agora, que sabemos que ela não foi abolida, podemos obedecê-la, já que a única barreira para o seu cumprimento foi removida, ou seja, a nossa ignorância sobre ela.
Contrariando esta crença, temos as seguintes palavras inspiradas de Sha’ul, o emissário:

Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.
(Rm 7.18)

Ou seja, não há em nós capacidade natural de cumprirmos o que a Torá exige de nós. Por quê?

Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço.
Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na Torá de Elohim; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a Torá da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.
(Rm 7.19, 22 e 23)

Posso estar enganado, mas tenho a impressão de que, no entendimento de muitos, o perdão dos pecados é obra do Messias Yeshua, mas a separação (santificação) é algo unicamente de nossa inteira responsabilidade.
No entanto, vejamos o Sha’ul, o emissário, escreveu em 1 Co 1.30:

Mas vós sois dele, em união ao Messias Yeshua, o qual se nos tornou, da parte de Elohim,
sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção...

É claro que temos grandes responsabilidades quanto a nossa santificação, tanto que o mesmo emissário nos orienta, em Fp 2.12, a desenvolver a nossa salvação/libertação com temor e tremor, mas também conclui dizendo que é Elohim quem opera em nós para tanto (Fp 2.13).
Para a eficácia de nossa santificação a nossa carne tem que ser tratada e para isto não adianta sabermos mais mandamentos, uma vez que o pecado que nela habita faz uso do mandamento para despertar em nós toda a forma de cobiça.

Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência...
(Rm 7.8)

Será, então, que há algum problema com a Torá? Com certeza, não. O problema está em nós, em nossa carne.

Porque bem sabemos que a Torá é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.
(Rm 7.14)

Diante do exposto, o que tem me preocupado mais é o fato de estar vendo muitas pessoas neste Caminho estudando a Torá e buscando cumprir as suas exigências sem, no entanto, buscar a capacitação para tanto no Messias Yeshua. Parece que a nossa fé nEle se resume ao perdão que recebemos por meio de Seu sangue. Esquecemo-nos de Sua habitação em nós.

Ou não reconheceis que Yeshua, o Messias, está em vós?
(2 Co 13.5)

E Ele habita em nós exatamente para formar em nós a Sua imagem e nos capacitar a cumprirmos a Sua vontade, a Sua Torá.
O que nos leva ao próximo erro:

3. O ERRO DE NÃO CONSIDERAMOS O MADEIRO

Talvez a origem deste erro seja o fato de termos ouvido e recebido apenas a metade das boas novas, ou seja, que o sangue do Messias Yeshua nos purifica de todo o pecado.
No entanto, quando o mal’ach (mensageiro, anjo) foi ter com Yossef (José) ele disse que o Messias Yeshua salvaria/libertaria o seu povo do pecado. Ele não disse que o Messias iria conceder somente o perdão ao seu povo.
Se o sacrifício do Messias Yeshua foi apenas pra nos conceder o perdão dos pecados, então a maior diferença entre o Seu sacrifício e o sacrifício de animais é que o Seu sacrifício não precisa ser repetido.
Logo, não seria uma salvação/libertação plena, pois o pecado ainda habita em nós, em nossa carne, já que ainda habitamos neste corpo de pecado e estamos sujeitos a todos os tipos de tentações do mundo, da própria carne e do Adversário.
Por isso, para nos salvar/libertar plenamente, o Messias Yeshua teve que tratar não só do problema do perdão dos pecados, mas também do nosso “velho homem”, herdado de Adam (Adão), o representante de nossa carne, que ama o pecado.
E o Messias Yeshua tratou o nosso “velho homem” por meio do madeiro.

...sabendo isto: que o nosso velho homem foi executado no madeiro com ele, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos...
(Rm 6.6)

Não adianta sabermos mais mandamentos. Sem o tratamento do madeiro ao nosso “velho homem”, conforme explicado por Sha’ul, o emissário, em Romanos 6 (recomendo a leitura e o estudo de todo o capítulo), só iremos dar mais ocasião para a carne fazer uso do mandamento para despertar em nós toda a forma de cobiça (Rm 7.8).
Não é a toa que o Messias nos falou sobre a necessidade de levarmos o madeiro diariamente.

Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome o seu madeiro e siga-me.
(Lc 9.23) 

E qualquer que não tomar o seu madeiro e vier após mim não pode ser meu discípulo.
(Lc 14.27)  

Por que será que damos tão pouca atenção para aquilo que, creio, é o ponto central de nossa fé, a morte do Messias no madeiro?

Por terem cometido um ou mais dos erros listados acima alguns acabaram tomando a decisão mais perigosa e desastrosa neste Caminho de Teshuvá:

NEGAR O MESSIAS YESHUA.

CONCLUSÃO

Não sei se todos que estão lendo estas linhas estão cometendo, mesmo inconscientemente, os erros que listei acima, que culmina em negar a Yeshua, o Messias. Lembrando que não negamos o Messias apenas deixando de crer nele, mas também não dando a Ele o primeiro lugar em nossas vidas.
O que escrevi neste artigo é fruto daquilo que observei nos anos que estou neste Caminho de Teshuvá e creio que muitos que estão lendo estas palavras podem atestar o que aqui foi escrito em suas próprias experiências no Caminho.
Meu objetivo, chaverim vachaverot (amigos e amigas), é alertar a todos sobre este grande perigo que nos ronda e que já vitimou a muitos.
Em relação aos que estavam caminhando conosco e que agora deixaram o Caminho, apesar da tristeza de não estarmos mais caminhando juntos, tenho atentado para as palavras do Messias Yeshua e de Seu emissário Yochanan (apóstolo João), e me consolado nelas:

As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.
(Jo 10.27)

Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos. 
(1 Jo 2.19)

Que o Eterno nos guarde deste perigo com Seu grande poder.
Graça e paz a vós outros, da parte de Elohim, o nosso Pai, e do Senhor Yeshua, o Messias.

Yossef ben Yossef
(Lauro Franco)


domingo, 7 de abril de 2013

A MAIOR DE TODAS AS BÊNÇÃOS

Dentre todas as bênçãos que recebemos da parte do Eterno, qual será a maior? Creio que a maioria dos que creem responderá que é a promessa de vida eterna. Se for esta também a sua resposta, eu lamento, mas você errou.

Mesmo que a sua resposta não tenha sido esta, ainda assim temo que você não tenha acertado a resposta certa. Sim, porque esta pergunta tem apenas UMA resposta certa. Todas as demais respostas possíveis podem ser encontradas, contidas, nesta ÚNICA resposta.

Já descobriu? Se não, leia o texto abaixo:


Porque Elohim amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
(Jo 3.16)

Ah, então a resposta é mesmo a vida eterna? Não!

Leia novamente o texto e você verá que a bênção, o presente, do Eterno não foi a vida eterna e sim O FILHO.

De fato, Yochanan (João) escreveu em sua primeira carta que Elohim nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu Filho. Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Elohim não tem a vida (1 Jo 5.11,12).

Veja, primeiro ele diz que o Elohim nos deu a vida eterna e, se ele parasse por aqui, talvez pudéssemos realmente crer que o Eterno nos dá alguma bênção à parte de Seu Filho, mas Yochanan continua e nos ensina que esta vida está em Yeshua (Jesus) e só tem a vida quem tem o Filho. Ou seja, não há vida eterna fora de Yeshua.

Infelizmente, muitos que estão no Caminho não estão atentos para um aspecto extremante importante e fundamental para o crescimento na Verdade: a nossa união com Yeshua, o Messias (Cristo, Ungido).

Yeshua habita em todo aquele que crê nEle.
Ou não reconheceis que Yeshua, o Messias, está em vós?
(2 Co 13.5)

Esta habitação é um fato e não depende do nosso sentimento, se estamos “sentindo” essa união com Ele. É um fato e temos que crer. Não podemos ser mais unidos a Yeshua do que já somos.

E é por conta desta habitação e união que podemos crer na promessa da vida eterna, porque estamos unidos a Aquele que tem vida eterna.

Conforme o ensino de Sha’ul, o emissário (apóstolo Paulo), em 1 Co 1.30, até a nossa santificação depende de Yeshua.

Nas Bíblias em português, principalmente nas traduções Almeida, na maioria das vezes que encontramos nos escritos de Sha’ul a expressão “em Cristo”, a mesma significa “em união” ao Messias.

Tal união é a base para podermos dar frutos, conforme as palavras do próprio Messias Yeshua:

Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer
(Jo 15.5).

Também a nossa observância da Torá (Instrução, Lei) depende desta união, pois ao querermos desenvolver a nossa salvação por meio da obediência aos mandamentos, estatutos e juízos do Eterno contidos na Torá, descobrimos, muitas vezes, que o querer está em nós, mas não o realizar (Rm 7.18).

Tentarmos obedecer ao que diz a Torá com a nossa força natural é abrir mão do Grande Poder que habita em nós: a Ruach (o Espírito) do Messias.

Ao ressuscitar, nosso Senhor apareceu aos discípulos e, antes de enviá-los, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei a Ruach HaKodesh [Sopro de Santidade, Espírito Santo] (Jo 20.19-22).

Foi o Seu Sopro, a Sua Ruach, que capacitou os discípulos a viver uma vida que os seus antepassados não conseguiram: uma vida onde o querer e o realizar a vontade do Eterno eram realidade.

Também assim deve ser conosco!

Muitos querem obter vitória em determinadas áreas de suas vidas, porém pensam em vitória como sendo algo que um dia irá acontecer ao longo do caminho, mas veja o que nos diz a Escritura:

Graças a Elohim, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Yeshua, o Messias.
(1 Co 15.57)

Vitória é Yeshua (e Ele está em nós) e não algum evento à parte dEle.

Aquele que um dia nos chamou dizendo “vinde a mim”, hoje nos chama novamente dizendo “permanecei em mim”.

...permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
(Jo 15.4)

Veja, no entanto, que Ele não disse “permanecei comigo”, e sim, “permanecei em mim”, como bem destacou o servo do Senhor Andrew Murray, em seu livro PERMANECEI EM CRISTO (Edições Tesouro Aberto).

É fundamental para nosso crescimento atendermos a este convite do Senhor, uma vez que somente nEle podemos encontrar tudo o que precisamos para vencer e crescer (Ef 1.3; Cl 2.3,9).

Que Elohim a todos abençoe!

Yossef ben Yossef
(Lauro Franco)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

O MESSIAS, A LEI E OS PROFETAS

No monte da transfiguração estavam Yeshua (Jesus), Mosheh (Moisés) e Eliyahu (Elias). Ou seja, o Messias (Cristo, Ungido), o representante da Torá (Instrução, Lei) e o representante dos Profetas.

Talvez acreditando haver uma igualdade de autoridades entre esses 3 personagens, Kefa (Pedro) quis fazer 3 tendas, no entanto o Pai intervém dos céus e diz a ele algo que é de grande importância para o nosso equilíbrio no Caminho:

Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo: a ele ouvi.
(Mt 17.5)

Que instrução há para nós nessa Palavra, em pleno século XXI?

Que a Torá e os Profetas estão sempre com Yeshua onde Ele é glorificado, porém a primazia, o primeiro lugar, é dEle.

Há somente uma tenda para ser construída!

Apesar da importância da Torá e dos Profetas em nosso Caminho, não devemos esquecer que é em Yeshua que habitam todos os recursos que precisamos para viver aquilo que a Torá e os Profetas requerem de nós (Rm 13.13,14; 8.2; Cl 2.3,9; 1 Co 1.30). A nossa permanência nEle é o segredo para o nosso progresso, porque sem Ele não podemos fazer nada (Jo 15.5), inclusive obedecê-lO.

Será que temos observado esse equilíbrio, esse princípio tão importante, na prática de nossa doutrina? Será essa a nossa doutrina?

A despeito de crermos na vigência da Torá e dos Profetas, será que podemos dizer como Sha’ul, o emissário (apóstolo Paulo), que para nós o Messias é TUDO (Cl 3.11)? Ou ainda, que para nós o VIVER É O MESSIAS E O MORRER É LUCRO (Fl 1.21)? Ou, que o Messias vive em nós e que VIVEMOS PELA FÉ NELE (Gl 2.20)?

Veja nestes textos como Sha’ul dependia do Messias Yeshua.

E se não é essa a nossa verdade, então nossa vida está fora do centro da vontade do Pai Celestial, expressa em Sua Palavra a Kefa no monte.

Que o Eterno opere em nós a fim de podermos corrigir o nosso curso e andar por este novo e vivo Caminho, olhando firmemente o Autor e Consumador da fé, Yeshua, nosso Senhor.

Que Elohim assim a todos abençoe!

Yossef ben Yossef
(Lauro Franco)