A CRUZ E A CARNE
(REFERÊNCIA: O Homem Espiritual, Vol. I – Watchman Nee, Edições
Parousia.)
Qual
o objetivo deste estudo?
Chegarmos todos juntos ao estágio
de Galutyah/Gálatas 5.16,24:
[...] Vivam
pela Ruach [Espírito], e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne... Os
que pertencem ao Messias Yeshua [Cristo Jesus] crucificaram a carne, com as
suas paixões e os seus desejos.
É muito importante a leitura do estudo anterior
para o melhor entendimento deste estudo.
1.
Em que devemos crer?
No estudo anterior falamos da
importância da nossa fé na Palavra e que a mesma deve ser um exercício
constante em nosso dia-a-dia, em nossas vidas. Ou seja, a fé não é apenas um ato, mas também uma atitude que devemos ter e manter em
todo o Caminho.
[...] como recebestes o Messias Yeshua, o Senhor, assim andai nele... (Cl 2.6)
[...] 1corramos, com perseverança, a carreira que nos está
proposta, 2olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Yeshua... (Hb 12.1,2)
P: No caso, no trato com a carne, em qual Verdade objetiva, em qual
porção da Palavra, da Bíblia, devemos crer?
R: Na porção
que trata da obra que o nosso Senhor e Salvador Yeshua, o Messias, realizou
por nós na cruz do Calvário.
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2.
Dois aspectos da cruz
Geralmente quando falamos sobre a cruz
nossa mente rapidamente nos traz à lembrança de que foi lá onde o nosso Senhor Yeshua
morreu em nosso lugar, nos substituindo e pagando assim o preço por nossos
pecados.
Isto é verdade... mas não é toda a verdade...
A verdade vai muito além, pois a obra
do Senhor visa bem mais que o nosso perdão pela culpa dos pecados cometidos. A
obra que o Senhor fez e está fazendo em nós nos possibilita sermos pessoas
diferentes do que éramos antes de crermos nEle.
E, assim, se alguém está no Messias, é nova criatura; as coisas
antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
(2 Co 5.17)
Infelizmente muitos talmidim
[discípulos] desconhecem esse fato de que nosso Senhor fez muito mais naquela
cruz do que “apenas” providenciar o perdão pelos nossos pecados.
Ali, no madeiro, nosso Senhor desferiu
um golpe mortal contra a carne e é sobre esse aspecto da cruz, a identificação,
que iremos tratar neste estudo.
A obra de nosso Senhor Yeshua, o
Messias, na cruz do Calvário possui dois aspectos:
- Substituição.
- Identificação.
Sobre a obra de substituição não
iremos falar mais do que já falamos, uma vez que a mesma é do conhecimento
geral de todos os talmidim.
Tratemos então da parte que a maioria
desconhece, que é a obra de identificação.
Vejamos
o texto de Rm 6.1-14 e, durante a leitura, notem as palavras que foram
ressaltadas e o que elas afirmam, pois tais palavras são a Verdade objetiva que
a nossa fé deve alcançar:
1Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? 2De
modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?
3Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos imergidos [unidos]
no Messias Yeshua fomos imergidos [unidos] na sua morte? 4Fomos,
pois, sepultados com ele na morte pela imersão; para que, como o
Messias foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. 5Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua
morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição,
6sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem,
para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o
pecado como escravos; 7porquanto quem morreu está justificado
[liberto] do pecado. 8Ora, se já morremos com o Messias, cremos
que também com ele viveremos, 9sabedores de que, havendo o
Messias ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio
sobre ele. 10Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre
morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Elohim. 11Assim
também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Elohim, em união ao Messias Yeshua. 12Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira
que obedeçais às suas paixões; 13nem ofereçais cada um os membros
do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos
a Elohim, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Elohim,
como instrumentos de justiça. 14Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei,
e sim da graça.
A Verdade objetiva que Sha’ul, o
emissário [Paulo, o apóstolo], nos apresenta nesse texto (e em vários outros de
suas cartas) é que não foi apenas o
Senhor Yeshua, o Messias, que morreu no madeiro, mas nós também.
[...] um morreu por todos; logo,
todos morreram (2 Co 5.14).
A
cruz do Senhor Yeshua é também a nossa cruz!
3. O livramento do domínio e poder do pecado
No texto de Rm 6.6 encontramos os
seguintes elementos:
v
O
pecado = O poder que escraviza e leva o homem a pecar, transgredindo a vontade
do Eterno (1 Jo 3.4).
v
O
velho homem = Quem nós éramos antes de crermos no Senhor Yeshua.
v
O
corpo do pecado = Nosso corpo, que o pecado usa para se manifestar.
P: Por que pecamos?
R: Porque
aceitamos a oferta e os argumentos que o pecado nos oferece no momento da
tentação.
|
A tentação em si não é pecado e pode
vir de duas fontes:
v
Externas
= Por meio do mundo e do Adversário.
v
Interna
= Por meio da carne.
Quando é interna o pecado, que habita
em nosso corpo, busca atrair o velho homem para que ele atenda às suas
reivindicações. Como o velho homem não tem compromisso com a vontade do Eterno,
está acostumado a seguir os desejos do corpo (ver as 3 necessidades do corpo no
estudo nº 2 – A QUEDA E SUAS CONSEQUÊNCIAS) e até mesmo gosta de pecar, aceita
a tentação e consuma o pecado.
E assim o corpo se torna o veículo
pelo qual o homem pratica o seu pecado de cada dia.
[...] 14cada um é tentado pela
sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. 15Então, a cobiça,
depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado,
gera a morte.
(Tg 1.14,15)
P: Como o Senhor faz para desmontar esse processo?
R: Ele
crucifica o velho homem.
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O Eterno não age diretamente na raiz
do pecado, nem no corpo do pecado, mas no velho homem, crucificando-o.
E Ele assim o faz porque o velho homem
é também o nosso velho ego/eu, a nossa antiga personalidade, a nossa velha
alma, a sede de nossa vontade (ver o estudo nº 1 – O SER HUMANO E A SUA
CONSTITUIÇÃO).
P: Qual a
finalidade da crucificação do velho
homem?
|
Ou seja, a crucificação do velho homem
tem duas finalidades:
v
Para
que o corpo, como instrumento do pecado, seja anulado, desfeito, tornado
ineficaz.
v
Para
que não mais sirvamos ao pecado.
Sem a presença do velho homem o pecado
não tem mais como contar com o seu antigo escravo, que estava sempre pronto para
atender aos seus desejos.
E assim nosso corpo é libertado da
escravidão do pecado ([...]não sirvamos o pecado como
escravos.)
Nesse primeiro momento a nossa maior
preocupação é estar sempre...
4.
Olhando para o Senhor Yeshua, o Messias
Nesse processo de libertação do poder
do pecado temos que nos esforçar para observar constantemente a
orientação dada pelo autor da Carta aos Hebreus:
[...] 1desembaraçando-nos
de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que
nos está proposta, 2olhando firmemente para o Autor e Consumador da
fé, Yeshua...
(Hb
12.1,2)
Isso é de vital importância porque o
maior problema que enfrentamos quando estamos diante de Verdades objetivas é
queremos ter a experiência subjetiva (a Verdade subjetiva) antes de crermos realmente
naquilo que o Senhor fez por nós (a Verdade objetiva).
Geralmente isso acontece porque temos o
entendimento equivocado de que basta entender algo intelectualmente para termos
posse da verdade.
Pensamos, conscientes ou não, que o
intelecto substitui a fé ou então se equipara a ela.
E ainda, confundimos entendimento com
conhecimento.
Nosso Senhor afirmou:
[...] conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará.
(Jo 8.32)
E muitos pensam que Ele está falando
sobre o entendimento intelectual.
Conhecimento é conhecer por experiência.
É “ver” a Verdade de uma forma tão clara
que não podemos fazer outra coisa senão torná-la parte de nossas vidas.
Conhecemos a Verdade quando a “ficha
cai” e tudo fica claro para nós.
Nossa parte nesse processo não é
produzir a Verdade subjetiva, a parte experimental, a experiência interior, uma
vez que isso só pode ser feito pela Ruach HaKodesh [Espírito Santo].
Nossa parte é crer na Verdade objetiva, nas
coisas que o texto de Rm 6.1-14 afirmam que foram feitas em nosso favor.
A nossa parte é crer nos fatos, na realidade espiritual.
E, para tanto, é bom lembrar que o
Eterno geralmente nunca nos pede para crermos em coisas que são possíveis para
nós. Ou seja, Ele quer que creiamos naquilo que é impossível para os homens, mas
não para Ele.
Ele quer que Avraham [Abraão], um homem
de quase 100 anos, creia que terá um filho, gerado por sua esposa estéril de 90
anos (Gn 17; 18.14).
Ele quer que Mosheh [Moisés] acredite
que, em pleno deserto, alimentará com carne 600 mil homens, fora mulheres e
crianças, por 1 mês (Nm 11.13-23).
Ele quer que Yehoshua [Josué] creia que
uma cidade fortificada irá ser derrubada apenas por toques de trombetas e
gritos (Js 6.1-5).
Ele quer que Gideon [Gideão] creia que
irá derrotar um grande exército de inimigos com apenas 300 homens (Jz 7.7,12).
Ele quer que todos nós acreditemos em Sua Palavra.
Nossa parte é crer/confiar naquilo que o
Senhor está nos dizendo em Sua Palavra, fornecendo assim, por meio da nossa fé,
a matéria prima para que a Ruach HaKodesh possa operar dentro de nós tudo
aquilo que foi feito fora de nós por meio do Senhor Yeshua, o Messias.
Se assim o fizermos andaremos sobre as
águas, caso contrário afundaremos (Mt 14.25-30).
Não te disse eu que, se creres, verás a
glória de Elohim?
(Jo 11.40)
Yossef Franco
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