A QUEDA E SUAS
CONSEQUÊNCIAS
(REFERÊNCIA: O Homem
Espiritual, Vol. I – Watchman Nee, Edições Parousia)
Qual
o objetivo deste estudo?
Chegarmos todos juntos ao estágio
de Galutyah/Gálatas 5.16,24:
[...] Vivam
pela Ruach [Espírito], e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne... Os
que pertencem ao Messias Yeshua [Cristo Jesus] crucificaram a carne, com as
suas paixões e os seus desejos (Gl 5.16,24)
1.
O homem e a sua vontade livre
Como
vimos no estudo anterior a vontade do Eterno é que o espírito domine todo o
nosso ser, no entanto, quando criou o homem o Senhor o fez de modo que o homem
tivesse liberdade de escolha, ou seja, livre-arbítrio. Assim o homem poderia
escolher obedecer ou não ao Senhor.
A
liberdade de escolha de Adam [Adão] pode muito bem ser vista no texto de Gn
2.16,17:
16E Yahweh
Elohim lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, 17mas
da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente
morrerás.
Neste
estudo iremos ver algumas consequências para o espírito, a alma e o corpo, após
a queda, o pecado de Adam.
2.
A queda do homem
No relato da
tentação de Chavah [Eva] (Gn 3.1-6) é importante destacarmos o fato de que foi
principalmente por meio do intelecto que o Adversário conseguiu fazer
com que ela se rebelasse contra o Eterno.
E para atingir
a mente de Chavah sua estratégia foi fazer com que ela se inclinasse para as
necessidades de seu corpo, causando assim a morte de seu espírito.
A
grosso modo podemos classificar as necessidades do corpo em:
v Alimento
– O Adversário faz uso da nossa necessidade de comida e bebida para nos atrair,
assim como usou o fruto do conhecimento do bem e do mal para tentar Chavah. Os
pecados de glutonaria e bebedices (Gl 5.21) são resultantes do desejo exagerado
de satisfação desta necessidade.
v Reprodução
– O Adversário fez com que esta necessidade fosse mudada para prostituição e
lascívia (Gl 5.19).
v Defesa
– O cuidado e a proteção natural do o corpo foram mudados de forma que o homem
hoje se opõe a tudo que possa interferir em seu conforto e prazer, resultando
daí os pecados de inimizades, ciúmes, iras, discórdias, egoísmos, etc (Gl
5.20).
Nos dias atuais
o Adversário procura se utilizar também do MUNDO (assunto de nosso estudo
anterior) para conseguir a nossa atenção, nos enganar e nos enredar. Se
compararmos Gn 3.6 com 1 Jo 2.16 teremos o seguinte:
v A árvore era boa
para se comer = concupiscência (cobiça) da carne;
v Agradável
aos olhos = concupiscência (cobiça) dos olhos;
Não devemos nos esquecer que o
objetivo do Adversário era atingir a vontade (órgão da alma responsável
por nossas decisões), ou seja, fazer com que Chavah decidisse
desobedecer ao Eterno, e para isso ele desferiu o seu ataque ao intelecto,
fazendo que a alma de Chavah pensasse de forma independente da direção do
espírito.
Desse tempo até hoje a mente se
tornou o principal ponto de ataque dos espíritos malignos contra a humanidade.
É por meio desses ataques que o
Adversário muitas vezes consegue impedir que alguém creia no Senhor Yeshua, o
Messias (2 Co 4.3,4).
Mas não são apenas os incrédulos
que são atacados em suas mentes. Os que creem também são (2 Co 11.3).
Além do intelecto, o Adversário
também se utiliza de nossas emoções como uma ponte para se chegar até a nossa
vontade. Podemos ver isso no exemplo de Adam, que não foi enganado (em sua
mente), mas que que pecou por causa de sua afeição a Chavah, conforme podemos
ver em Gn 3.12 e 1 Tm 2.14.
3.
Pecado e morte
Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado
no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, porque todos pecaram (Rm 5.12).
Na queda o grande triunfo do
Adversário foi convencer Adam e Chavah a desobedecerem ao Eterno. Com isso
tanto o pecado como a morte entraram no mundo e passaram a fazer parte da
natureza humana.
A primeira
parte de nossa constituição a sofrer graves consequências com a queda foi o
espírito, que morreu no momento que a alma parou de segui-lo para seguir o
corpo (morte espiritual).
É sobre essa
morte que Sha’ul, o emissário [Paulo, o apóstolo], fala em Efésio 2.1:
Ele vos deu vida, estando vós mortos nos
vossos delitos e pecados.
No momento de
nossa conversão nossa alma e nosso corpo estavam bem vivos, ou seja, desempenhando
normalmente as suas funções. Somente nosso espírito estava desabilitado porque,
ao seguir o corpo e pecar contra o Senhor, a alma se afastou dele [do espírito],
que por sua vez se “desconectou” do Eterno (Is 59.2).
É interessante
observar que a palavra “mitsvá”, do hebraico, traduzida para o português como
“mandamento” é frequentemente relacionada à palavra aramaica “tzavta”, que
significa conectar, anexar ou juntar. Assim entendemos que o cumprimento de uma
mitsvá [um mandamento] nos conecta ao Eterno, já uma desobediência nos afasta
dEle.
Como dissemos
anteriormente o espírito do homem NÃO regenerado está morto não porque
deixou de existir, mas sim porque não está mais cumprindo a sua função
de se conectar ao Eterno.
O Eterno já
havia alertado antes a Adam que a sua desobediência iria resultar em morte,
conforme vimos em Gn 2.17.
Posteriormente
a morte também alcançou o corpo (morte física).
4.
A perda da possibilidade de vida eterna
Por causa do pecado Adam e Chavah
foram expulsos do Jardim do Éden e com isso perderam o acesso ao fruto da
árvore da vida, que poderia dar a eles a vida eterna (Gn 3.22-24).
Mas o que é a vida eterna?
Ao contrário do que muitos pensam
vida eterna não é algum “bem” semelhante a um objeto que recebemos por parte do
Eterno.
Nosso Senhor nos ensinou que vida
eterna é conhecimento do Pai e do Filho (Jo 17.3), sendo que conhecimento
não apenas entender algo intelectualmente, mas conhecer por experiência.
No entanto, se o espírito do
homem não regenerado está morto, como ele poderá conhecer o Eterno?
Por isso é necessário que o homem
seja regenerado, ou seja, que o seu espírito viva novamente, de modo a poder
outra vez desempenhar as suas funções.
Nós talmidim [discípulos] do
Senhor Yeshua temos vida eterna por causa da nossa comunhão com Pai, mediante a
fé no Filho. Temos vida eterna porque estamos conectados a Aquele que tem vida
eterna, o Senhor Yeshua, o Messias, da mesma forma que um ramo enxertado a uma
videira (Jo
15.5).
O Messias Yeshua habita em todo aquele que nEle
crê.
Ou não reconheceis que Yeshua, o Messias
está em vós? (2 Co 13.5)
Esta habitação é um fato e não
depende do nosso sentimento, se estamos “sentindo” essa união com Ele. É um
fato e nós devemos crer.
Yossef Franco
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