quarta-feira, 23 de março de 2016

ESTUDOS SOBRE O MUNDO

5º Estudo – Águas de Restauração

Qual o objetivo deste estudo?

Alcançar o estágio de Galutyah/Gálatas 6.14:

Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Yeshua, o Messias [Jesus Cristo], pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo.

A Festa da Pessach [Páscoa] e o mundo

1Antes da festa de Pessach, sabendo Yeshua que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
2Enquanto ceavam, tendo já Satan posto no coração de Yehudá, filho de Shimon do litoral de Sk’irot, que o traísse, 3Yeshua, sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas mãos, e que viera de Elohim e para Elohim voltava, 4levantou-se da ceia, tirou o talit e, tomando uma toalha, cingiu-se. 5Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos talmidim, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
6Chegou, pois, a Shimon Kefa, que lhe disse: Senhor, lavas-me os pés a mim?
7Respondeu-lhe Yeshua: O que faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás.
8Tornou-lhe Kefa: Nunca me lavarás os pés. Replicou-lhe Yeshua: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
9 Disse-lhe Shimon Kefa: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
10Respondeu-lhe Yeshua: Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós estais limpo, mas não todos. 11Pois ele sabia quem o estava traindo; por isso disse: Nem todos estais limpos.
12Ora, depois de lhes ter lavado os pés, tomou o talit, tornou a reclinar-se à mesa e perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? 13Vós me chamais Rabino e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou. 14Ora, se eu, o Senhor e Rabino, vos laveis os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. 15Porque eu vou dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. 16Amen, Amen, e eu vos digo: não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. 17Se sabeis estas coisas, benditos sois se as praticardes.
 (Jo 13.1-17)

O contexto da passagem bíblica acima é a Festa de Pessach Páscoa, que é cheia de simbolismos sobre a nossa libertação. No entanto, apesar do texto bíblico ser rico em ensinamentos, iremos neste estudo nos limitar aos ensinos relativos ao mundo e ao mandamento que o Senhor nos deu, no versículo 14:

Ora, se eu, o Senhor e Rabino, vos laveis os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.

Há quem interprete esta passagem bíblica como sendo uma instrução complementar do Senhor Yeshua sobre a questão do pecado, mas isso não é possível, tendo em vista que o próprio Senhor declarou que estava lavando os pés de quem já estava limpo (Jo 13.10). Logo, não é sobre pecados que Ele está tratando aqui.

Então, do que o Senhor está tratando? De nossa relação com o mundo.

Note que pouco antes de lavar os pés dos discípulos Ele anunciou o julgamento do mundo (Jo 12.31) e, logo após a lavagem, deu uma série de instruções, também sobre o mundo (Jo 14.27,30; 15.18-22; 16.33; 17.6,9,11,14-16,18,21).

O texto de Yochanan/João em questão trata de nossa restauração, após a nossa caminhada pelo mundo.

O ensino de nosso Senhor é que, apesar de procurarmos nos guardar incontaminados das coisas do mundo (Tg 1.27), nosso contato com ele em nossa peregrinação não fica sem consequências para nós.

Assim como uma camada de poeira encobre os nossos pés, os nossos calçados, durante a nossa caminhada pelos caminhos dessa terra, também o mundo se adere a nós todas as vezes que caminhamos por seus domínios.

Portanto, devemos entender que o Senhor, ao lavar os pés dos Seus amados, retirando toda a poeira e tornando-os totalmente limpos, está dando instruções importantes sobre nosso contato com o mundo.

Empoeirados

Mas, o que essa lavagem dos pés representa no nosso dia-a-dia, na prática? Acredito que você já tenha passado pela seguinte situação:

Você termina de orar de manhã e sai para as atividades diárias cheio da presença de Eterno, mas, depois de um dia de trabalho ou de estudo, não só o sentido da presença do Eterno se foi, mas também o ânimo para orar e estudar a Palavra. Você se sente vazio, cansado e desanimado.

O que aconteceu? Você não se lembra de ter pecado durante todo o dia, mas parece que uma barreira foi levantada entre você e o Amado. Se não é o pecado, então o que é esta barreira? É a “poeira espiritual” do mundo, que se aderiu a você, a nós.

É importante entendermos que essa barreira, que se expressa muitas vezes por meio do cansaço e do desânimo, não é meramente física e sim espiritual. Digo isto porque, ainda que problemas de saúde física, mental ou emocional possam causar um estado de apatia, neste caso em particular ficamos abatidos apenas para as coisas espirituais, mas não temos problemas para ficarmos horas e horas mantendo contado com o mundo e com as coisas do mundo.

Sentimos que estamos cansados para orar e estudar a Palavra, mas não para ficarmos a noite e a madrugada toda diante da TV, internet ou algo parecido.

Muitos de nós sofremos este tipo de ataque do kosmos (mundo) e nem sequer damos conta disto. Até mesmo irmãs que exercem suas atividades dentro de casa sofrem este ataque.

Esta é uma questão muito importante e que deve ser urgentemente tratada, pois o talmid [discípulo] que não brilha no mundo é tão anormal quanto aquele que vive em pecado.

A diferença entre eles é que aquele que está em pecado sabe que está vivendo numa condição anormal e busca restauração, mas o que está coberto com a poeira do mundo não necessariamente sabe disto.

E o Adversário utiliza muitas vezes o fato de desconhecermos esta verdade para acusar a nossa consciência, induzindo-nos a pensar que cometemos algum tipo de pecado contra o Eterno.

Sem saber que a poeira do mundo está aderida a ele o talmid não percebe que seu impacto sobre o kosmos foi neutralizado, pois esta poeira está cobrindo seu brilho.

Diante desta situação inevitável não nos resta fazer outra coisa senão buscarmos a restauração de nossa condição original. Como? Da mesma forma como nosso Senhor nos ensinou: retirando a poeira (Jo 13.5).

Um serviço para todos os talmidim [discípulos]

Na prática este elemento removedor pode ser um abraço de um irmão, um aperto de mão, palavras de encorajamento, um olhar carregado de amor, uma oração, a proximidade de um irmão cheio da presença do Eterno.

Resumindo: tudo o que venha a restaurar nossa condição original de cheios da presença do Eterno.

Mas lembre-se que este serviço foi dado pelo Senhor a todos nós, conforme Jo 13.14,15,17.

Não é responsabilidade apenas da liderança, mas é responsabilidade de todos.

Não há talmid que não possa lavar os pés de seus irmãos!
Não há talmid que não necessite ter seus pés lavados por outro irmão!
Todos nós somos chamados para este serviço!

Portanto, quando formos nos reunir com a Comunidade, não devemos ir apenas com a intenção de sermos abençoados, mas sim de sermos, também, instrumentos do Eterno para abençoar nossos irmãos.

Assim estaremos mutuamente nos lavando, sendo vasos úteis nas mãos de nosso Senhor, imitando Seu exemplo, cumprindo Seu mandamento e demonstrando de uma forma prática nosso amor uns pelos outros (Jo 13.34,35; 14.21; 1 Jo 3.18).

Este serviço trata diretamente com vidas, por isso não deixe o Adversário te induzir a negligenciá-lo, te levando a pensar que ele é insignificante e inferior a qualquer outro serviço. Também não aceite o argumento do Adversário de que outra pessoa lavará os pés dos santos em seu lugar.

Quantos irmãos, principalmente líderes, carecem de uma palavra amiga, de um encorajamento, de uma oração, diante do peso da responsabilidade que levam diariamente. E quem irá fazer isto por eles? EU E VOCÊ!

Que o Eterno abra os nossos olhos para entendermos que temos uma grande responsabilidade uns para com os outros, e que a minha e a sua omissão pode ser a causa do fracasso e da tristeza de nosso(a) irmão(ã), por quem o Messias morreu.

Que o Eterno opere em nós e faça de cada um de nós, Seus filhos e filhas, instrumentos cheios do fluir de Sua presença e de Seu amor, para a nossa mútua restauração, em união ao Messias Yeshua.

Se sabeis estas coisas, benditos sois se as praticardes.
(Jo 13.17)

Yossef Franco

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